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O que se sabe sobre a supergonorreia que põe os Estados Unidos em alerta

Autoridades sanitárias do estado de Massachusetts identificaram dois casos de resistência antibacteriana aos medicamentos usados

Saúde|Do R7

Bactéria N. gonorrhoeae está se tornando resistente aos antibióticos normalmente usados
Bactéria N. gonorrhoeae está se tornando resistente aos antibióticos normalmente usados Bactéria N. gonorrhoeae está se tornando resistente aos antibióticos normalmente usados (1992 ACCUSOFT INC, ALL RIGHTS RE)

O anúncio do DSP (Departamento de Saúde Pública) do estado de Massachusetts (EUA) sobre dois casos de gonorreia com resistência ou resposta reduzida a antibióticos deixaram o país e a autoridades sanitárias internacionais em alerta na última semana.

O problema já é objeto de preocupação de médicos há muitos anos e parece estar se tornando uma realidade.

A gonorreia é a segunda IST (infecção sexualmente transmissível) mais frequente nos Estados Unidos, atrás apenas da clamídia, e a falha dos antibióticos tradicionais no tratamento pode fazer com que se dissemine uma supergonorreia.

"Esta é a primeira vez que resistência ou resposta reduzida a cinco classes de antibióticos foi identificada na gonorreia nos Estados Unidos. [...] No geral, esses casos são um lembrete importante de que as cepas de gonorreia nos EUA estão se tornando menos responsivas a um arsenal limitado de antibióticos", alertou o órgão sanitário estadual.

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A cepa da bactéria Neisseria gonorrhoeae identificada nos EUA já havia sido reportada recentemente no Reino Unido e na Ásia.

Não se trata de uma doença mais severa, com sintomas (veja abaixo quais são) mais exacerbados, mas sim de uma doença que, em tese, poderia durar muito mais tempo.

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Embora o primeiro paciente tenha sido tratado com sucesso com injeção intramuscular do antibiótico ceftriaxona 500 mg, a equipe submeteu a amostra a análises laboratoriais.

Foi, então, que se descobriu que a bactéria apresentava resistência às cefalosporinas (ceftriaxona, cefixima, cefoxitina) e azitromicina, além da ciprofloxacina, penicilina e tetraciclina, antibióticos comumente usados no tratamento de gonorreia.

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Os CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos) recomendam altas doses de ceftriaxona para todos os casos de gonorreia.

O segundo caso foi identificado por meio de vigilância. Segundo o órgão sanitário "com base em seu genoma, provavelmente reduziu de forma semelhante [ao primeiro caso] a suscetibilidade à ceftriaxona e cefixima".

"O surgimento dessa cepa indica a evolução contínua de N. gonorrhoeae e a capacidade de desenvolver resistência ao tratamento antimicrobiano", complementa o DSP.

Os CDC ressaltam em seu site que "a gonorreia desenvolveu progressivamente resistência aos antibióticos prescritos para tratá-la".

Como os antibióticos da classe das cefalosporinas são atualmente os mais eficazes contra cepas desse tipo, o surgimento de novas mutações resistentes "complicaria significativamente a capacidade dos provedores de tratar a gonorreia com sucesso, uma vez que temos poucas opções de antibióticos simples, bem estudados, bem tolerados e altamente eficazes", observam os CDC.

“A descoberta dessa cepa de gonorreia é um sério problema de saúde pública que o DPH, os CDC e outros departamentos de saúde têm estado atentos para detectar nos EUA”, disse em comunicado a comissária de saúde pública da Massachusetts, Margret Cooke.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) faz frequentes alertas sobre o uso inadequado de antibióticos, que é o fenômeno responsável pela resistência antimicrobiana. 

Em 2014, um relatório da entidade afirmava que nos países pobres as doses administradas são muito pequenas e nos países ricos o uso é excessivo.

O documento listava sete bactérias com potencial de se tornarem resistentes. Elas são responsáveis por doenças graves, como infecções hematológicas, diarreias, pneumonias, infecções urinárias e gonorreia.

Gonorreia

A gonorreia é transmitida durante a relação sexual, inclusive oral, e pode causar infecção nos órgãos genitais, no reto e na garganta.

Os principais sintomas nas mulheres, de acordo com os CDC, incluem:

• Sensação de dor ou queimação ao fazer xixi

• Aumento do corrimento vaginal

• Sangramento vaginal entre os períodos

Nos homens, os sinais que sugerem a infecção são:

• Sensação de queimação ao fazer xixi

• Secreção esbranquiçada, amarela ou verde que sai do pênis

• Testículos doloridos ou inchados (menos comum)

Outros sintomas podem afetar homens e mulheres:

• Coceira anal

• Dor

• Sangramento

• Movimentos intestinais dolorosos

Em raros casos, a gonorreia pode se tornar uma infecção gonocócica disseminada (síndrome artrite-dermatite).

"Ela ocorre quando a infecção se espalha pela corrente sanguínea para outras partes do corpo, especialmente para a pele e as articulações. As articulações ficam inchadas, com sensibilidade ao toque e extremamente dolorosas e apresentam limitação na mobilidade. A pele por cima das articulações infectadas pode ficar vermelha e quente. As pessoas normalmente têm febre, sentem-se doentes de forma geral e desenvolvem artrite em uma ou mais articulações", descreve o Manual MSD de Diagnóstico e Tratamento.

Os pacientes também podem ter pequenas manchas vermelhas na pele, geralmente nos braços e pernas, que são ligeiramente dolorosas e podem estar cheias de pus.

"As infecções das articulações, da corrente sanguínea e do coração podem ser tratadas, mas a recuperação da artrite pode ser lenta", complementa o guia médico.

O uso de preservativo durante relações sexuais é uma das medidas que podem ajudar na prevenção da gonorreia.

Além disso, o rastreamento de parceiros sexuais após o diagnóstico da doença é fundamental para encerrar a cadeia de transmissão da bactéria.

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