OMS alerta que número de vítimas de cólera no Haiti pode ser 'muito maior' do que o relatado
Crises humanitárias, sanitárias e áreas controladas por gangues no país dificultam a testagem e o controle de casos
Saúde|Do R7
A OMS (Organização Mundial da Saúde) disse nessa terça-feira (4) que o número de mortos pelo surto de cólera no Haiti é provavelmente "muito maior" do que o relatado anteriormente e deve aumentar, alertando que as múltiplas crises do país complicarão a resposta humanitária.
A nação caribenha anunciou no domingo que pelo menos sete pessoas morreram de cólera, aumentando os temores de um ressurgimento da epidemia após quase três anos.
Vários casos suspeitos foram detectados no Carrefour Feuilles (subúrbio do Haiti), nos arredores de Porto Príncipe, e no bairro litorâneo de Cite Soleil. Essas áreas são totalmente controladas pelas gangues e seu acesso é muito difícil desde o final de julho de 2022.
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As condições no Haiti pioraram nas últimas semanas com bloqueios, falta de combustível, marchas de protesto, saques e greves gerais.
"Esta situação complica muito a resposta humanitária", disse o porta-voz da OMS, Christian Lindmeier.
O representante da pasta ainda acrescentou que "a situação está evoluindo rapidamente e casos anteriores podem não ter sido detectados", e o número de mortos pode ser "muito maior".
"Com a situação humanitária como está, a situação sanitária e as áreas controladas pelas gangues onde quase não há acesso para controlar, testar ou mesmo trazer ajuda, devemos esperar, infelizmente, que os casos sejam mais numerosos e que aumentem ", frisou.
Lindmeier explicou que um pedido estava sendo preparado para apresentação ao grupo de coordenação internacional para a aquisição de vacinas orais contra a cólera.
Em fevereiro, o Haiti completou três anos sem um único caso confirmado de cólera e estava se preparando para apresentar seu caso para certificação do status de livre de cólera no final de 2022.
A cólera matou cerca de 10.000 pessoas após o terremoto de 2010, quando funcionários das Nações Unidas que ajudaram na resposta a introduziram no país. Esse surto afetou pelo menos 820.000 pessoas, segundo a OMS.
As primeiras infecções virais foram detectadas ao redor do rio Artibonite, onde as forças de paz da ONU haviam despejado matéria fecal. Somente em agosto de 2016 a ONU reconheceu oficialmente seu papel no início da epidemia.
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