OMS pede ajuda do cinema para reduzir casos de suicídio no mundo
Organização Mundial da Saúde pedirá a diretores de cinema e televisão que usem 'imagem diferente' do suicídio com o objetivo de reduzir os casos
Saúde|Da EFE
Cerca de 800 mil pessoas, uma a cada 40 segundos, tiram sua própria vida todos os anos no mundo, de acordo com um relatório apresentado nesta segunda-feira (9) pela Organização Mundial da Saúde (OMS), agência que pedirá aos diretores de cinema e televisão que deem uma "imagem diferente" do suicídio com o objetivo de reduzir os casos.
Diretores de Hollywood e outros profissionais do setor audiovisual receberão um guia da OMS para oferecer diferentes ópticas sobre suicídio, como parte de uma campanha de um mês que a organização começará amanhã, coincidindo com o dia mundial da prevenção.
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"Estudos científicos sobre filmes e programas de televisão mostram que, quando apresentam detalhes de suicídios, há quem tenta imitá-los, como acontece quando aparecem na primeira página de um jornal", explicou em entrevista coletiva, a especialista Alexandra Fleischmann, do departamento de saúde mental da OMS.
Por isso, a organização com sede em Genebra recomendará ao cinema e a televisão que "analisem as diferentes complexidades do suicídio, sem simplificá-lo", mostrar personagens que, em vez de optar por esse caminho, superem seus problemas ou não mostrem diretamente na tela o ato de suicidar-se.
Taxa global de suicídios já caiu
O relatório da OMS destaca uma redução na taxa global de suicídios, que de 14 por cada 100 mil habitantes no início deste século foi reduzida para 10,2 em 2016, sendo o continente americano a única região onde aumentou.
O maior acesso a armas de fogo naquela parte do planeta, onde o Uruguai é o país latino-americano com a taxa mais alta (18,4 casos por 100 mil habitantes), e a implementação tardia de medidas preventivas explicam isto em parte, afirmou Fleischmann.
Reduzir o acesso às armas e outros meios de tirar a própria vida é, segundo a OMS, uma das melhores medidas preventivas e, nesse sentido, a organização iniciará outra campanha para proibir ou pelo menos limitar o acesso a pesticidas, método usado para um em cada cinco suicídios e muito frequente nas áreas rurais dos países em desenvolvimento.
Suicídios e pesticidas
Muitas vezes, suicídios relacionados a pesticidas "ocorrem em momentos de angústia, de maneira impulsiva, quando a pessoa pode ter dúvidas sobre se deve ou não tirar a própria vida. Naquela época, você não deveria ter acesso a um método tão rápido", disse a especialista da OMS.
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A organização argumenta, por exemplo, que na Coreia do Sul, um país com uma alta taxa de suicídio, os casos foram reduzidos pela metade entre 2011 e 2013 após a proibição de um potente herbicida.
O suicídio é, depois dos acidentes de trânsito, a segunda principal causa de mortes entre jovens de 15 a 29 anos, com mais de 200 mil casos em 2016, por isso que a OMS procura focar na prevenção em faixas etárias mais jovens.
"É importante trabalhar com jovens nas escolas, ensiná-los como superar os problemas e situações estressantes", afirmou Fleischmann, também destacando o papel dos meios de comunicação para prevenir o suicídio, por exemplo não lhe dando uma aura romântica nem sensacionalista.
Maiores taxas na antiga União Soviética
O relatório da OMS mostra as maiores taxas de suicídio do mundo em vários países que formavam a antiga União Soviética, como a Lituânia (31,9 por 100 mil habitantes), Rússia (31) e a Bielorrússia (26,2).
Nos países desenvolvidos, o número de homens que tiram a própria vida é três vezes maior que o das mulheres, embora os números entre os sexos sejam mais semelhantes nos países em desenvolvimento, onde quase quatro em cada cinco suicídios são registrados.
Apenas cinco países estudados pela OMS têm uma taxa de suicídio feminino maior que o masculino: China, Lesoto, Marrocos, Bangladesh e Mianmar.
As Nações Unidas estabeleceram-se nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para reduzir em um terço a taxa global de suicídios antes de 2030, embora com o atual ritmo, essa meta não seria alcançada, alerta a OMS.