Se seu filho pequeno já caiu e bateu a cabeça, seja aprendendo a engatinhar ou mesmo rolando de cima do sofá ou do trocador, saiba que é normal sentir-se culpado mas que, acima de tudo, é importante se lembrar de que você não está sozinho — no Brasil, cerca de 200 mil meninos e meninas passam por esta situação todos os anos, sendo que, na maioria dos casos, eles têm entre um e cinco anos de idade. No entanto, ser algo frequente não significa que não mereça a devida atenção. Quando a criança ou o adulto batem a cabeça e o cérebro sofre algum tipo de deslocamento, o trauma é chamado de concussão. E, nas concussões mais graves, o paciente pode, inclusive, chegar a perder a consciência temporariamente. De acordo com o neurologista Renato Anghinah, médico do Hospital das Clínicas em São Paulo, 5% a 10% dos casos de concussões em crianças podem tornar-se crônicos, sendo a dor de cabeça permanente o desdobramento mais comum de todos. “Consequências graves após um único quadro concussional são raras, mas podem ocorrer. Quando acontecem são chamadas de evolução catastrófica, por uma reação inflamatória cerebral acima do comum”, explica Anghinah. O médico estima que até 50% das concussões causam sintomas agudos logo após o trauma, como tonturas, falta de equilíbrio, diminuição da atenção e outros déficits cognitivos. No geral, são problemas que desaparecem em até três semanas, a menos que aconteça o que, na medicina, se chama de síndrome do segundo impacto. “Casos de complicações graves após duas ou mais concussões seguidas em um espaço de tempo menor do que 15 dias são menos raros. Por este motivo as pessoas, ou os jogadores, no caso de esportistas, devem ser retiradas imediatamente de atividade que possam expô-las ao segundo impacto após a primeira batida, só retornando a atividade física após 10 a 15 dias”. O neurocirurgião Jorge Roberto Pagura, que, ao lado de Anghinah, lança neste mês o livro Concussão Cerebral: Mais que Uma Simples Batida na Cabeça, recomenda que, depois que a criança sofre uma batida na cabeça, os pais fiquem atentos a sinais que possam indicar problemas e a necessidade de correr para o hospital. “É preciso notar se ela está irritadiça, chorosa, dispersa, se mudou seu acompanhamento das aulas na escola. Tudo isso faz parte do quadro. Cair do berço, por exemplo, seguramente resulta em uma concussão. Nunca encare uma batida na cabeça como uma coisa corriqueira e normal”, alerta. Já sobre o conselho comum entre os pais de que não se deve deixar uma criança que bateu a cabeça adormecer, Pagura tem suas ressalvas. “Isso é bobagem. Se qualquer pessoa que bata a cabeça vier a chorar, ficar irritada, obviamente a sequência esperada disso é dormir”, pondera o médico. “Só vai ser algo preocupante se a criança estiver com a respiração diferente e com um comportamento de sonolência muito grande e que apareça muito rápido após a batida”.Confira o R7 Play e assista à programação da Record na íntegra