Poluição é o maior vilão da saúde respiratória. Saiba se proteger
Sem chover há 35 dias em SP, dispersão de poluentes se torna muito difícil
Saúde|Dinalva Fernandes, do R7
Não está fácil respirar em São Paulo nas últimas semanas. Não chove há 35 dias, não há previsão de chuva pelo menos até o fim de setembro e a umidade relativa do ar está em torno de 30% na região metropolitana, segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências). Além do incômodo, a secura, que dificulta a dispersão de poluentes no ar, favorece o aumento de alergias respiratórias e de pele, principalmente em crianças, idosos e portadores de doenças crônicas, explica o pneumologista do INCOR (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas) Gustavo Prado.
— No inverno, sobretudo em regiões do Brasil em que predomina o clima seco e mais frio, como é o caso da Região Sudeste, notamos pioras nas doenças respiratórias crônicas, como a asma e a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica). Também nesta época do ano, infecções virais podem ser mais frequentes, seja pela maior concentração de pessoas em ambientes fechados (especialmente nos dias mais frios), seja pela permanência mais prolongada de vírus e material particulado (poluentes não gasosos) no ar. A poluição, provavelmente, é o maior vilão da saúde respiratória nesta época do ano.
Ainda segundo Prado, diversos estudos já observaram os impactos da exposição à poluição atmosférica sobre a saúde.
— Destacam-se as repercussões principalmente para o sistema cardiovascular (aumento de casos de angina, infarto, arritmias) e para o trato respiratório (agudização de doenças crônicas como a asma e a DPOC, piora da função pulmonar e da capacidade de exercício e maior suscetibilidade a infecções respiratórias).
O último balanço da Secretaria Estadual de Saúde mostra que cerca de 60% das internações realizadas anualmente em decorrência de doenças respiratórias se concentram entre os meses de março e agosto, período que abrange outono e inverno, estações com menor incidência de chuva e queda na umidade do ar. Em 2016, foram 236 mil internações do tipo e, desse total, 137 mil ocorreram nesse intervalo de seis meses. No entanto, acabamos de estrar na primavera e o clima permanece o mesmo.
Dá para amenizar os sintomas?
Alguns sintomas mais leves e mais comuns como o ressecamento da mucosa nasal, o desconforto na garganta e a irritação nos olhos podem ser atenuados com uma boa hidratação e a aplicação local de soro fisiológico, seja na forma de colírios e sprays nasais, recomenda o especialista.
— Sintomas mais intensos como cansaço excessivo ou desproporcional à intensidade dos esforços, chiado no peito, tosse, dor torácica, ou palpitações indicam a necessidade de procurar um médico para uma avaliação, sobretudo em pessoas que já tem o diagnóstico de doenças respiratórias, cardiovasculares e metabólicas (como o diabetes) e em idosos e crianças pequenas.
Além da hidratação oral, é importante hidratar o corpo. Pessoas com pele mais sensível, que tenham doenças de pele ou pré-disposição a desenvolvê-las também podem ter agravamento de sintomas durante o clima seco, afirma a coordenadora do setor de dermatologia do AME (Ambulatório Médico de Especialidades) Barradas, Bhertha Tamura.
— A ingestão de água e uso de hidratantes corporais é indispensável. O hidratante não pode faltar no tratamento da pele, mesmo que seja necessário utiliza-lo várias vezes ao dia.
A especialista destaca ainda a necessidade da hidratação corporal para os idosos, pois, com o avanço da idade, as pessoas tendem a perder a oleosidade da pele, favorecendo o ressecamento. Portadores de doenças de pele crônicas, como dermatite atópica e ceratose tendem a ter seu quadro agravado e devem sempre procurar a orientação de seus médicos para tratamentos específicos.
Dermatite atópica: coceira, manchas e ressecamento são sinais de doença de pele comum no inverno