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Por trás das máscaras, as pessoas que combatem o coronavírus

Conheça profissionais da área médica que estão na linha de frente nos hospitais, muitos abriram mão até de ficar com a família, neste momento

Saúde|Karla Dunder, do R7

Médicos pedem para as pessoas cumprirem o isolamento
Médicos pedem para as pessoas cumprirem o isolamento

Com a pandemia da doença Covid-19, causada pelo novo coronavírus, veio junto um bombardeio de informações, dados e números que são acompanhados atentamente por todos. Mas, também surgiu a preocupação com os profissionais da saúde. Por trás das máscaras, pessoas. Homens e mulheres que estão na linha de frente de combate ao vírus e precisam, ao mesmo tempo, cuidar da saúde e da família.

Ansiedade, preocupação, medo e angústia são algumas palavras repetidas por todos, neste momento. “Nós também temos receio da contaminação e de levar o vírus para casa, por isso, os cuidados são intensos”, observa o médico infectologista Cláudio Gonsalez.

Claudio Gonsalez: rotina exaustiva
Claudio Gonsalez: rotina exaustiva

Gonsalez está acostumado à rotina de uso dos EPIs (equipamentos de proteção individual) no controle de infecções nos hospitais onde trabalha. Além de intensificar os cuidados, o novo desafio é administrar o estresse das equipes médicas. “Existe o medo das pessoas que estão em casa e, também, daqueles que trabalham nos hospitais, temos de administrar essa pressão, dar suporte aos colegas, e tudo isso é muito exaustivo.”

Fabrizio Di Giovanni é um médico recém formado em Medicina pela USP (Universidade de São Paulo) e atua em pronto-socorro da rede pública e privada. O jovem não esconde a preocupação com algumas limitações do momento. “Nós não temos muitos leitos e vagas na UTI, já estávamos muito perto do limite, as pessoas vão continuar adoecendo, mas agora estamos em meio a uma pandemia”, diz.


Giovanni também se preocupa com a quantidade dos EPIs, que não são suficientes para atender a todos os profissionais e, ao mesmo tempo, a demora para a realização e resultados dos testes para identificar o coronavírus.

“Essa demora gera ansiedade e insegurança nos pacientes, o que é ruim”, avalia. Fora esse clima de apreensão dentro do hospital, tem ainda a distância das pessoas queridas. “Tenho evitado o contato com a minha família, amigos, vivemos uma guerra contra um inimigo invisível e que mudou a rotina de todos.”


Saiba como se proteger contra o novo coronavírus

Para combater esse inimigo invisível e, ao mesmo tempo, proteger profissionais, pacientes e familiares, uma equipe resolveu dormir no hospital.


Barbara e André deixaram os bebês em casa
Barbara e André deixaram os bebês em casa

“Como ninguém sai, nem entra no hospital não temos nenhum infectado”, conta a fisioterapeuta Sandra Ferreira da Silva. Mãe de uma menina de 14 anos, Sandra sente falta da família. “Ela ficou com os avós e entendeu a minha decisão, nesse momento, estou valorizando muito as relações humanas, o que tinha fora do hospital e o contato com as pessoas daqui.”

A médica Bárbara Cury Soubhia deixou em casa um bebê de um ano. O marido, também médico, trabalha em outro hospital e optou por morar perto do trabalho e evitar o risco de contaminação. “Nosso filho está com a avó e as tias, elas mandam vídeos e fotos durante o dia, fico mais tranquila sabendo que ele está bem, protegido.”

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Para Bárbara, essa é uma experiência positiva. “Claro que sinto saudade, mas a equipe é muito unida e solidária, tenho a oportunidade de conhecer pessoas, a história de cada um e sei que sairemos mais fortes disso tudo.”

André Comune também deixou um bebê em casa para cuidar dos pacientes idosos do Hospital Premier. “Minha filha tem, apenas, 10 meses e tenho receio que ela não me reconheça quando tudo isso passar”. Para acalmar o coração do pai, a família manda vídeos, fotos e a pequena “conversa” todos os dias por vídeo.

“Apesar de difícil, essa foi a melhor decisão, nossos pacientes são, em sua maioria idosos, muitos com mais de 80 anos, que não resistiriam a Covid-19”, afirma. “Abraçamos uma causa e essa sensação de empatia é muito boa, apesar de todas as dificuldades", afirma André.

Amanda leva com bom humor
Amanda leva com bom humor

E para lidar com o estresse, o bom humor. “Realmente é cansativo trabalhar e conviver com as mesmas pessoas, mas tem a hora de brincar e tentar descontrair, de ter um pensamento positivo para seguir em frente”, comenta a enfermeira Amanda Macedo, responsável pelo controle de infecção hospitalar.

Ela optou por continuar com a terapia online com sua psicóloga, apesar do hospital oferecer esse apoio. “Sou filha única, meu pai chorou bastante quando soube que eu ficaria a quarentena longe, minha mãe me pergunta se eu estou me alimentando direito, mas estou muito segura da minha decisão e sei que é melhor para eles, inclusive.”

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