Quadro de Bolsonaro pode melhorar sem cirurgia. Entenda
Planalto diz que presidente tem ‘desconforto abdominal’, condição que o levou ao hospital em julho do ano passado
Saúde|Do R7
Internado nesta segunda-feira (3) — pela segunda vez em pouco mais de seis meses — com um quadro de desconforto abdominal, o presidente Jair Bolsonaro aguarda exames médicos para saber se precisará ou não ser submetido a uma cirurgia.
A condição dele se assemelha à que o levou ao hospital em julho do ano passado, quando ficou internado por quatro dias para o tratamento de uma obstrução intestinal.
O gastrocirurgião e endoscopista Eduardo Grecco, do Instituto Endovita, em São Paulo, explica a relação entre as cirurgias às quais o presidente foi submetido após a facada que levou na campanha de 2014 e o problema atual.
A formação de aderências na parede do intestino é comum em pessoas que já tenham passado por cirurgia no órgão, como é o caso dele.
Trata-se de uma junção das paredes do intestino em um processo de cicatrização, levando a um estreitamento.
"Suboclusão é o trajeto, o intestino que está tendo uma obstrução parcial”, acrescenta.
Outra causa possível que pode levar ao quadro do presidente é uma hérnia. Em abril do ano passado, ele se queixou sobre isso com apoiadores.
"Eu tenho uma tela aqui na frente, está saindo o bucho pelo lado, então tem que botar uma tela do lado", falou naquela ocasião.
Tratamento
Nem o hospital Vila Nova Star, onde Bolsonaro está internado, nem o Palácio do Planalto informaram qual será o tratamento, mas o próprio presidente considerou a hipótese de uma cirurgia.
"Comecei a passar mal após o almoço de domingo. Cheguei ao hospital às 3h de hoje. Me colocaram sonda nasogástrica. Mais exames serão feitos para possível cirurgia de obstrução interna na região abdominal. É a segunda internação com os mesmos sintomas, como consequência da facada (06/set/18) e 4 grandes cirurgias", publicou o presidente nas redes sociais.
Grecco reforça que o primeiro passo é interromper a alimentação, o que já foi feito, segundo a publicação de Bolsonaro.
“Ele vai ficar em repouso total do órgão, vai ficar em jejum. É passada uma sonda pelo nariz para ajudar a desobstruir, a aliviar, na tentativa de desobstruir sozinha. [Também há] Medicações, anti-inflamatórios, deve entrar com antibiótico, para melhorar esse processo todo e observar a evolução dentro de 12 a 24 horas."
Passado esse período, a alimentação é reintroduzida para uma nova avaliação. Se o intestino voltar ao normal, ele é liberado. Caso volte a sentir desconforto, a única opção será a cirurgia para remover os trechos do intestino que possuem aderências.
Em julho, esse tratamento conservador foi bem-sucedido e evitou que o presidente fosse submetido a uma cirurgia.
Cirurgia
Se a equipe optar pela cirurgia, seja uma hérnia ou aderência, o procedimento é feito por videolaparoscopia, que consiste em pequenos cortes na barriga e uso de câmera e pinças.
"Precisa ver se houve herniação, que é a saída de um pedaço para outro, uma espécie de torção intestinal. Aí é só destorcer isso. Mas pode ser alguma área que realmente está obstruída, que houve alguma aderência. Neste caso, tira aquele pedacinho que está com problema e junta de novo", explica o gastrocirurgião.
O especialista acrescenta que o prognóstico para esse tipo de caso costuma ser "muito bom", tendo em vista que o paciente tem tempo para o preparo cirúrgico, com o esvaziamento do intestino.