Quais vírus tinham os pacientes descartados para covid-19 no Brasil
Influenza A e B, rinovírus, adenovírus, metapneumovírus... entenda o que eles têm em comum com o coronavírus
Saúde|Do R7
Todos os pacientes com diagnóstico descartado de covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus, nomeado de SARS-CoV-2) no Brasil tinham outros tipos de vírus mais comuns.
O balanço do Ministério da Saúde mostra que, nos 50 casos descartados até quinta-feira (20), influenza A e B são as doenças mais frequente entre os pacientes que eram tidos como casos suspeitos de coronavírus, que tinham histórico de viagem recente à China e apresentavam sintomas respiratórios ou contato com um caso suspeito.
Apenas um caso permanecia suspeito, em São Paulo, e aguardava exames.
"Testa primeiro o painel de vírus respiratórios mais comuns e sequencialmente fazemos o teste para o vírus corona. Os casos descartados seguem aquele padrão de influenza, tem uma característica muito similar ao que está circulando de vírus respiratório em toda a comunidade", detalha o secretário de Vigilância em Saúde da pasta, Wanderson de Oliveira.
Além do vírus influenza, que causa gripe, foram identificados rinovírus, adenovírus, metapneumovírus, vírus sincicial respiratório e parainfluenza.
Os sintomas de diversos vírus que atacam o sistema respiratório costumam ser parecidos, inclusive o com o novo coronavírus, explica o infectologista Gerson Salvador.
"São infecções por vírus respiratórios que podem ter manifestações semelhantes, que não podem ser distinguidas clinicamente [em consultório]."
No entanto, a maioria das infecções por esses vírus causa doenças respiratórias leves, sem necessidade de que o paciente seja submetido a um teste de painel viral para identificar o agente.
O rinovírus, por exemplo, é mais conhecido por causar o resfriado comum, enquanto o influenza pode ter sintomas como febre e dores no corpo.
De acordo com o médico, "esses vírus normalmente causam doenças respiratórias leves" e melhoram sozinhas em pessoas com a imunocompetentes.
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O Ministério da Saúde tem feito testes em pessoas que apresentaram febre e sintomas respiratórios após viagem à China ou contato com algum caso suspeito para coronavírus.
No entanto, muitos exames são feitos inicialmente para vírus mais comuns, como a gripe.
Se não fosse o contexto da epidemia do novo coronavírus na China, o infectologista afirma que não haveria necessidade de identificar qual tipo de vírus está provocando determinado quadro.
"Esses vírus causam doenças autolimitadas e sem tratamento específico. Não faria sentido submeter a um exame molecular, a não ser em um caso como esses [de epidemia]."