Região das Américas é a única com aumento da mortalidade por suicídio, diz Opas
Desde 2000, mulheres apresentam aumento de 1,25% na média de mortalidade
Saúde|Do R7
Mais de 97.000 pessoas se suicidaram em 2019 no continente americano, "única região do mundo onde a mortalidade por suicídio aumentou" desde 2000, apontou a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), coautora de um estudo divulgado nesta quinta-feira (23).
Em 2019, houve mais de 97.000 suicídios na região, o que representa "uma taxa de 9 a cada 100.000 habitantes (14,2 no caso dos homens e 4,1 entre as mulheres)", segundo o artigo, publicado na "The Lancet Regional Health-Americas".
Desde o ano 2000, no caso das mulheres, o índice aumentou anualmente em média 1,25%, e, no dos homens, constata-se "uma tendência ascendente geral", mas a porcentagem média anual "não foi significativa estatisticamente", aponta o estudo.
A taxa varia "consideravelmente segundo a sub-região", acrescenta o texto. Em 2019, a América do Norte registrou a mais alta (14,1 a cada 100.000 habitantes), e a zona andina (3,9), a mais baixa, "provavelmente devido a diferenças socioculturais".
Segundo o estudo, a mortalidade entre os homens aumenta com "o homicídio e o consumo de álcool e outras substâncias", enquanto as mulheres são particularmente afetadas pela "desigualdade educacional". Em ambos os sexos, o desemprego influencia.
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Entre os fatores determinantes, Shannon Lange, do Instituto de Pesquisas em Políticas de Saúde Mental do Canadá, principal autora do trabalho, cita "as expectativas culturais em torno do gênero".
Para reduzir essas taxas de mortalidade, o estudo recomenda promover oportunidades de emprego, melhorar o acesso aos serviços de saúde e fortalecer os laços sociais nas zonas rurais.
A fim de evitar o suicídio, deve-se ir além de limitar o acesso aos métodos para cometê-lo, de reforçar as habilidades socioemocionais e de melhorar o atendimento de saúde mental, defende Renato Oliveira e Souza, chefe da área de Saúde Mental da Opas e um dos autores do artigo. "Também devemos abordar os fatores contextuais que afetam homens e mulheres de maneira diferente."