Remédios para emagrecer podem potencializar transtornos alimentares; entenda
Anvisa publicou resoluções que proíbem a fabricação, distribuição, importação, comercialização e uso de emagrecedores injetáveis
Saúde|Bruna Pauxis, do R7, em Brasília
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“Notei que tinha um problema quando comecei a não conseguir viver sem o remédio. Sem ele, eu fazia a dieta do ovo, comendo, às vezes, um ou dois ovos cozidos por dia. Eu me forçava a horas de jejum intermitente e malhava de forma extrema para compensar as crises de compulsão alimentar do dia anterior”, lembra Júlia (nome fictício), de 24 anos.
Ela conta que começou a tomar remédios para emagrecer por volta de 2022. “Comprava sem receita médica e não tinha qualquer tipo de acompanhamento”, conta a jovem, que relatou ter sentido efeitos colaterais que a fizeram interromper o uso das substâncias.
A Associação Brasileira de Psiquiatria estima que mais de 70 milhões de pessoas no mundo possuam algum distúrbio alimentar. No Brasil, são 15 milhões, número que representa 21% do total mundial.
Em paralelo, estudo da Ipsos Healthcare apontou que, no país, 58% da população conhece medicamentos à base de GLP-1, como Ozempic, Wegovy, Zepbound, Rybelsus e Mounjaro. O índice é 22% superior à média internacional.
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Anvisa proibiu medicamentos
As substâncias têm sido vendidas no comércio informal, com vendedores adquirindo o produto no Paraguai, sem necessidade de receita médica.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou nesta sexta-feira (21) resoluções que proíbem fabricação, distribuição, importação, comercialização e uso de algumas canetas.
Entre os produtos listados estão TG5, Lipoless, Lipoless Eticos, Tirzazep Royal Pharmaceuticals e T.G. Indufar.
Relação perigosa
Segundo o psiquiatra e vice-coordenador do Ambulim–IPq HCFM-USP (Programa de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), Fábio Salzano, a relação entre transtornos alimentares e medicamentos “milagrosos” é alarmante.
“Caso uma pessoa utilize medicamentos que promovam redução de apetite, pode ser que desencadeie um ciclo preocupante uma vez que os transtornos já estão ligados, muitas vezes, a dietas autoimpostas”, frisa.
Salzano aponta ser essencial que, antes do uso, o paciente passe por uma avaliação médica pormenorizada para que se obtenha um diagnóstico que indique a real necessidade de semaglutida ou tirzepatida.
O especialista recomenda que pacientes interessados no uso de remédios para emagrecer iniciem acompanhamento com um endocrinologista, que pode fazer avaliação inicial de sintomas psiquiátricos.
“A psicoterapia individual traz muitos benefícios, portanto, creio que, apesar de também não ser obrigatória, seria extremamente recomendada”, complementa.
Salzano alerta ainda para a necessidade de retenção de receita para medicamentos que promovem perda de peso, além do incentivo, desde a infância, ao desenvolvimento de uma visão corporal saudável.
“É essencial promover o fortalecimento da autoestima, com a aceitação da diversidade dos tipos físicos e evitando exposição desnecessária às mídias sociais que exaltem práticas danosas à saúde física e mental”, finaliza.
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