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Saiba como lidar com o medo e a angústia de ter covid-19

Infecção pelo novo coronavírus pode desencadear transtornos psiquiátricos como depressão, ansiedade, estresse pós-traumático e hipocondria

Saúde|Aline Chalet, do R7*

O isolamento pode contribuir para deprimir o paciente de covid-19
O isolamento pode contribuir para deprimir o paciente de covid-19

A covid-19 pode impactar a saúde mental de quem contrai a doença de muitas maneiras, afirma o psiquiatra Eduardo Perin. Segundo ele, o que mais se observa é um medo intenso da morte, que gera pânico, ansiedade, angústia e estresse.

“Mesmo em casos mais leves a gente tem visto esse pânico. No hospital, a pessoa fica com medo de não conseguir melhorar, de estar em um ambiente contaminado.”

Outro fator importante para a saúde mental do paciente, é que existe a necessidade de isolamento, o que gera ainda mais estresse e ansiedade. As pessoas hospitalizadas, não podem receber visitas, o que agrava o problema.

“E o EPI [equipamento de proteção individual] assusta ainda mais, principalmente os idosos, dá a impressão de que você está com uma doença extremamente grave, que as pessoas não podem nem chegar perto de você.”


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Perin afirma que a covid-19 pode desencadear transtornos psiquiátricos como depressão, transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de estresse pós-traumático e hipocondria.

Um artigo publicado no periódico científico QMJ levantou diversos dados sobre saúde mental relacionados com a covid-19. Em um deles, um estudo realizado na China por pesquisadores norte-americanos, mostrou que 96,2% dos pacientes com covid-19 em recuperação apresentavam sintomas significativos de estresse pós-traumático e cerca de 50% dos pacientes recuperados permaneceram ansiosos após a epidemia de SARS em 2003.


Segundo o artigo, “há uma alta probabilidade de que os sobreviventes de covid-19, especialmente os casos graves, apresentem risco elevado de suicídio. Experiências estressantes, como aprender sobre o diagnóstico, medo de infectar outras pessoas, sintomas, hospitalização, principalmente em UTI e perda de renda podem levar ao desenvolvimento de ansiedade, depressão, depressão pós-parto e transtorno de estresse pós-traumático”.

O psiquiatra explica que é mais provável que os transtornos ocorram em pessoas que já possuem predisposição, porém, pode ocorrer com qualquer um.


“Além disso, não sabemos quem tem predisposição. Ter alguém na família que possui transtornos psiquiátricos é um indício, mas pode ser que você não tenha nenhum histórico familiar, mas tenha a predisposição genética.”

Perin acrescenta que a covid-19 também pode piorar quadros anteriores de transtornos psicológicos.

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Segundo ele, para melhorar a saúde mental no período em que a pessoa estiver infectada, é importante manter a rotina de antes da contaminação, com horários para acordar, dormir e comer.

Além disso, adicionar atividades agradáveis ao longo do dia como ler e ver televisão ou séries, também pode ajudar, porém, com o cuidado de evitar o consumo exagerado de notícias. “Se a pessoa quer ter um panorama do que está acontecendo, é legal ela ver um único veículo, de confiança, e apenas o mínimo necessário.”

Outra ferramenta que pode ajudar é a espiritualidade. “É importante ela manter a esperança. Se é uma pessoa religiosa, pode orar ou rezar ou mesmo fazer uma meditação.”

O médico explica que pessoas contaminadas podem receber visitas, desde que as recomendações de segurança como uso de máscara e distância de 2 metros sejam respeitadas. Além disso, chamadas de vídeo com os amigos e familiares podem ajudar a pessoa se sentir menos sozinha.

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Caso perceba uma tristeza muito intensa, desânimo, falta de apetite, falta de concentração, cansaço, ansiedade ou mesmo crises com sintomas físicos como falta de ar, sudorese, taquicardia e tremor, o psiquiatra recomenda que ela procure acompanhamento psicológico e psiquiátrico.

“E as pessoas próximas, se perceberem essa situação, também devem sugerir o acompanhamento.”

*Estagiária do R7 sob supervisão de Deborah Giannini

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