Sangramento de alvéolos pulmonares, como o de José Mayer, são sinais de doenças de base
Especialistas explicam que sangramento pode estar ligado a outras doenças, exigindo internação para melhora do quadro
Saúde|Giovanna Borielo, do R7
Neste sábado (18), o ator José Mayer, 73, repercutiu entre os assuntos sociais devido a sua internação na semana passada por conta de um sangramento alveolar pulmonar. De acordo com nota da equipe do ator, que está afastado da televisão desde as acusações de assédio, em 2017, Mayer "encontra-se com bom ânimo, respirando sem a necessidade de aparelhos e, após a realização dos exames, tem alta já prevista para os próximos dias".
De acordo com o geriatra Nathan Chehter, do Hospital Mário Covas, o sangramento de alvéolos pulmonares não se trata de uma doença, mas sim um sintoma, podendo se tratar da manifestação de doenças como pneumonia, tuberculose, traumas e até trombose pulmonar.
Assim, esse sangramento ocorreria no final da via respiratória, onde ocorre a troca de oxigênio e gás carbônico, podendo demonstrar dificuldades de circulação sanguínea por essa estrutura, aumento da pressão sanguínea interior e traumas respiratórios por choque ou derrame pleural, por exemplo. Outras doenças autoimunes, como o lúpus eritematoso sistêmico, também podem gerar esse sangramento.
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O pneumologista Felipe Marques da Costa, da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, afirma que quadros que evoluem para tal sintomatologia costumam apresentar queixas dos pacientes de falta de ar e até uma exteriorização desse sangue, geralmente combinados. A partir disso, é necessário realizar exames de imagem, podendo ser o raio-X ou tomografia de tórax, para auxiliar a confirmação do quadro.
Gustavo Prado, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, declara que os exames de imagem, embora ainda não determinem o quadro do paciente, ajudam os médicos a identificar a extensão desse sangramento no pulmão e estimar a sua origem. A junção do aspecto clínico com o tomográfico, na maioria das vezes, e do aspecto broncoscópico são as definitivas para a conclusão.
O pneumologista da Beneficência Portuguesa completa, ainda, que esse tipo de sintomatologia pode ocorrer em qualquer idade, visto que as doenças de base também podem atingir várias faixas etárias.
Costa alega que tais sangramentos exigem internação devido à falta de conhecimento de quantidade de sangue armazenado dentro do pulmão e, se houver piora do quadro, terá apoio médico com prontidão.
Chehter explica que o tratamento para tais sangramentos não se dá pelo sintoma, mas sim pela causa dele, sejam doenças infecciosas que possam interferir na respiração, como dengue, leptospirose ou Covid-19, de modo que possa parar essa hemorragia.
Tratando a doença de base, é importante também que haja liberação das vias respiratórias, para que o quadro não evolua para uma insuficiência. Pode ser feita também a utilização de ventilação não-invasiva, pressurizando as vias aéreas e pulmões do paciente, ajudando a diminuir o sangramento e diminuindo os esforços respiratórios. Por fim, os especialistas argumentam que, em casos de piora, pode haver a evolução para eventuais entubamentos e ventilação mecânica, de modo a sanar a situação.
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