Sem unidade e solidariedade, 'o pior está por vir', alerta diretor da OMS
Em coletiva, Tedros Adhanom pede que disputas políticas sejam deixadas de lado durante a pandemia e que vítimas sejam vistas como 'pessoas e não números'
Saúde|Do R7
O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), o etíope Tedros Adhanon, fez um novo alerta aos países em meio à pandemia do novo coronavírus. Segundo ele, se não houver solidariedade e unidade globais, "o pior ainda estará por vir".
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Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (20), ele falou sobre as tentativas de diversos países de reduzir as medidas de isolamento social adotadas ao longo dos últimos dois meses. A covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, já atingiu quase 2,5 milhões de pessoas e matou 167 mil em todo o mundo.
"Precisamos de solidariedade global, cimentada pela unidade nacional. Sem essas duas coisas, acreditem, o pior ainda está por vir. Temos condições de evitar uma tragédia ainda maior, vamos evitá-la. É um vírus que muitos ainda não compreenderam", afirmou.
Adhanom afirmou que o vírus "deve ser encarado como um inimigo da humanidade". E fez um apelo: "Vamos olhar para os que estão morrendo como pessoas, não como números ou estatísticas. Toda vida é preciosa".
Uso político e história
O etíope também criticou o uso político da pandemia. "Não usem esse vírus como uma oportunidade para lutar uns contra os outros ou obter ganhos políticos. Isso é perigoso, é como brincar com fogo. Por favor, trabalhem juntos. O problema político pode até mesmo ampliar esta pandemia", alertou.
Na coletiva, o diretor da OMS comparou o coronavírus à gripe espanhola de 1918. "Cem anos atrás, a gripe matou dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo. Agora temos tecnologia para evitar isso, evitar um desastre parecido, vamos usá-la", pediu ele.
Calma na retomada
Os representantes da OMS também pediram calma aos países que estão planejando sair do isolamento social e retomar as atividades econômicas após algum controle sobre as curvas de contágio e mortes.
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Segundo eles, os números já obtidos mostram que um percentual ainda reduzido da população mundial contraiu o vírus até o momento, o que coloca em dúvida a ideia de que casos assintomáticos poderiam ser 10 vezes maiores que o total de positivos.
"Há problemas e limitações para testar as pessoas, mas é uma proporção mais baixa do que imaginávamos. Uma grande parte da população mundial ainda pode ser contaminada. Não podemos baixar a guarda e retirar completamente o confinamento agora, pode haver novos surtos do vírus", disse a chefe do departamento de novas doenças da OMS, Maria Van Kerkhove.