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Testes rápidos de Covid têm maior risco de falso negativo 

Agências reguladoras consideram o RT-PCR como sendo o exame mais preciso para detectar infecção pelo coronavírus

Saúde|Fernando Mellis, do R7

Testes rápidos de antígeno oferecem resultado em poucos minutos
Testes rápidos de antígeno oferecem resultado em poucos minutos

A explosão de casos de síndrome gripal em algumas regiões do Brasil fez crescer também a procura por testes de Covid-19. Em muitos casos, os chamados testes rápidos de antígeno — muitos deles realizados em farmácias — têm sido a solução encontrada para quem deseja saber se os sintomas estão associados à infecção pelo coronavírus.

Todavia, esse tipo de exame tem maior risco de apresentar resultado falso negativo quando comparado ao RT-PCR, que requer análise laboratorial e é considerado o padrão ouro no diagnóstico de Covid-19.

“Os resultados positivos dos testes de antígeno são altamente precisos, mas há uma possibilidade maior de falsos negativos; portanto, os resultados negativos não descartam a infecção”, ressalta a FDA (agência de controle de medicamentos e alimentos dos Estados Unidos).

Esses testes imunocromatográficos utilizam uma espécie de cotonete (swab) que retira secreção do nariz ou da garganta. A amostra é colocada em um tubo com um reagente.


A mistura é posteriormente levada a um pequeno dispositivo descartável, que vai mostrar o resultado após cerca de 15 minutos. O teste é positivo se uma linha colorida aparecer nas seções C e T.

Na Nota Técnica 7/2021, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) adota tom semelhante ao do órgão regulador estadunidense.


"Dada a sensibilidade esperada dos TR-Ag [testes rápidos para pesquisa de antígeno], um resultado negativo não exclui necessariamente uma possível infecção, e informações clínicas e epidemiológicas também devem ser levadas em consideração para orientar a implementação de medidas de saúde pública. Se disponível, o teste molecular [RT-PCR] pode ser cogitado para pacientes sintomáticos com antígenos negativos, particularmente em pacientes prioritários/de alto risco, dependendo dos critérios clínicos e epidemiológicos."

Diferentemente de outros países, a agência brasileira não autoriza que esses testes sejam vendidos para uso em casa por considerar que a extração da amostra e a análise do resultado precisam ser feitas por profissional com conhecimento.


Além disso, a notificação dos casos às autoridades sanitárias também precisa ser feita, o que seria inviável em um ambiente doméstico.

A Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) reforça, entretanto, que os testes rápidos de antígeno podem ser essenciais em ambientes onde os testes RT-PCR não estão disponíveis ou são limitados, ou ainda quando se requer um resultado mais rápido.

"Sua utilização deve ser priorizada para casos suspeitos leves ou ambulatoriais e, eventualmente, para contatos de pacientes confirmados. Seu uso em outros tipos de processos, como nos aeroportos ou outros pontos de entrada e na busca de casos assintomáticos, não é recomendado atualmente pela Opas", esclarece a nota da Anvisa.

Os testes de antígeno também são admitidos em ações de controle epidemiológico, quando há necessidade de saber se há um surto em determinada localidade. 

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No ano passado, pesquisadores do Reino Unido analisaram uma série de estudos publicados sobre testes de antígeno comerciais. Foram incluídas no trabalho 24.087 amostras, das quais 7.415 tinham sido positivas para Sars-CoV-2.

Eles descobriram algumas variáveis que impactavam na precisão dos testes em detectar o coronavírus, como a diferença entre sintomáticos e assintomáticos, além do momento em que o exame foi realizado e do fabricante de cada produto.

Segundo o estudo, em pessoas com sintomas, os exames tiveram, em média, 72% de acerto no diagnóstico. Ainda assim, existiria a possibilidade, neste caso, de 28% dos pacientes infectados pelo coronavírus terem um falso negativo.

A confiança dos testes rápidos cai mais ainda quando ele é feito em indivíduos assintomáticos: 58,1% na média, segundo o estudo.

O CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos) explica que "o nível de antígeno em amostras coletadas antes do início dos sintomas ou no final do curso da infecção pode estar abaixo do limite de detecção dos testes", levando a resultados falsos negativos.

Também se constatou um índice de acerto maior quando os testes de antígeno foram realizados na primeira semana de sintomas. Em 78,3% dos casos realmente positivos, o exame havia sido feito neste período. Na segunda semana, o índice caiu para 51%.

Já os casos de falso positivo são raros. Os pesquisadores britânicos concluíram que, quando o teste confirma a infecção, o resultado é correto em 99,6% das vezes.

"A especificidade dos testes de antígeno é geralmente tão alta quanto a maioria dos NAATs [testes de amplificação de ácido nucleico], o que significa que resultados de teste falsos positivos são improváveis ​​quando um teste de antígeno é usado de acordo com as instruções do fabricante", diz o CDC.

A FDA emitiu no fim de dezembro um comunicado, com base em estudos preliminares, em que informa que alguns testes de antígeno podem ter sensibilidade ainda menor na detecção de casos de Covid-19 provocados pela variante Ômicron, que já é predominante no Brasil, segundo a plataforma Our World in Data, ligada à Universidade de Oxford.

Padrão ouro

RT-PCR é mais preciso, mas requer estrutura laboratorial para ser processado
RT-PCR é mais preciso, mas requer estrutura laboratorial para ser processado

O teste RT-PCR — da abreviação em inglês para reação em cadeia da polimerase em tempo real — é o exame mais confiável para a detecção do coronavírus.

Ele consegue fazer com que quantidades mínimas de material genético do vírus, coletadas na nasofaringe do paciente, sejam amplificadas milhões de vezes em poucas horas.

Embora a reação em si leve cerca de três horas para ficar pronta, laboratórios podem demorar um pouco mais para entregar o resultado devido a questões operacionais.

O RT-PCR também é mais eficaz na detecção de casos assintomáticos.

Hospitais e laboratórios costumam orientar que a coleta seja feita entre o terceiro e o décimo dias a partir do início dos sintomas.

Todavia, o infectologista Alexandre Naime Barbosa, professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista) em Botucatu, pondera que ele pode ser colhido "o quanto antes" em pessoas com algum sintoma gripal.

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