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Touca gelada evita queda de cabelo em tratamento de câncer e ajuda a melhorar autoestima da mulher

De acordo com especialistas, principal preocupação das pacientes é a queda de cabelo

Saúde|Dinalva Fernandes, do R7

A apresentadora Sabrina Parlatore se tratou de um câncer de mama no ano passado
A apresentadora Sabrina Parlatore se tratou de um câncer de mama no ano passado

Tratar o câncer é uma verdadeira batalha. Além de vencer o medo da morte e os traumatizantes efeitos da quimioterapia e radioterapia, o paciente também tem sua autoestima significativamente abalada. A principal preocupação dos pacientes é a perda de cabelo devido ao tratamento do câncer, segundo a oncologista do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes do Hospital São José Eliza Dalsasso Ricardo.

O cabelo é considerado um dos pontos que mais mexem com a autoestima, principalmente a feminina. A psicóloga Stela Duarte, do Instituto do Câncer de São Paulo, explica que a pressão dos padrões impostos pela sociedade podem dificultar a aceitação do novo visual pela paciente.

— A gente vive em uma sociedade em que a questão da imagem é muito estimulada. Baixa autoestima não é exclusividade de quem descobre o câncer. Mas fica mais claro porque nem todo mundo se conhece profundamente. Às vezes, a pessoa não se reconhece e se isola do mundo.

Para minimizar a queda do cabelo, alguns hospitais oferecem uma opção que pode preservar até 100% dos fios — a touca hipotérmica. Eliza explica que a touca ajuda a abaixar a temperatura do couro cabeludo durante a aplicação dos medicamentos nas sessões de quimioterapia. O acessório congela o folículo capilar para que a medicação não atue na região, preservando os fios. Segundo a oncologista, alguns homens mais vaidosos usam a touca, mas a maioria das adeptas do procedimento são mulheres.


— Cerca de 30 minutos antes da infusão intravenosa, umidificamos o cabelo com água gelada. Depois, coloca-se a touca a uma temperatura de -20°C. Para a região permanecer gelada, é necessário trocar a touca a cada meia hora. O paciente ainda precisa ficar com ela por mais 30 minutos depois da sessão. Dependendo da medicação, o paciente pode trocar a touca até oito vezes.

Sabrina Parlatore manteve os fios


Recentemente, a cantora e apresentadora Sabrina Parlatore, de 41 anos, revelou ter passado pelo tratamento contra o câncer de mama descoberto no ano passado. Ela não tinha histórico de câncer de mama na família.

— Eu estava assistindo TV no sofá quando passei a mão no meu colo e senti um caroço na parte superior do seio esquerdo. Já procurei o médico na hora, fiz todos os exames e, em uma semana, recebi o diagnóstico. O câncer estava em estágio inicial, por isso é muito importante fazer os exames preventivos e diagnosticar rápido.


Quando recebeu a notícia, a apresentadora ficou muito triste e assustada. Após se acalmar e, mesmo preparada para perder todos os pelos do corpo, ela não se livrou da angústia.

— Lógico que qualquer mulher pensa nisso e fica triste. Perder o cabelo mexe demais com a autoestima porque é um símbolo de feminilidade. É muito duro receber a notícia de que vai ficar careca.

Ainda de acordo com a psicóloga, quando se tem câncer, a perda do cabelo é uma marca concreta.

— O impacto emocional é muito grande porque o cabelo é uma das coisas que mostram de uma maneira mais perceptível que a pessoa tem a doença.

Incômodos e cuidados

Apesar de sua funcionalidade, o uso da touca é bastante incômodo. De acordo com Eliza, geralmente, os primeiros minutos são os piores, mas a maioria dos pacientes se adapta.

— Eventualmente, tem gente que não consegue [ficar com a touca]. Os pacientes reclamam de muita dor de cabeça, mas damos medicamentos para o sintoma e eles conseguem se acostumar.

Sabrina concorda com a médica. A apresentadora começou o tratamento em maio de 2015. Entre o diagnóstico, cirurgia, quimioterapia e radioterapia, foram dez meses.

— Não é fácil usar. Nos dez primeiros minutos dói bastante, é uma coisa horrível, depois eu acostumava. E também aperta bem a cabeça, mas é suportável. Nas últimas sessões, eu já nem me incomodava mais. Ao todo, foram 16 sessões e usei a touca em todas. Tinha que ficar uns 40 minutos antes e 2h30 depois. Eu cheguei a ficar unas 6 horas com ela.

Segundo a médica, para que o frio não machuque as áreas de cartilagem, como as orelhas, é preciso protegê-las com gaze. E os cuidados continuam em casa. O paciente não pode pentear muito o cabelo nem os prender com força, evitando puxá-lo em penteados, além de ficar sete dias sem lavar a cabeça. Todos os processos químicos estão proibidos e pacientes com cabelos muitos cumpridos também são orientados a cortá-los.

— O couro cabeludo fica muito sensível. Caso o paciente precise lavar, orientamos que use a água mais fria possível, shampoo neutro e massagear com movimentos leves, sem fricção. Água quente só depois de umas duas semanas após o término de todo o tratamento.

Sabrina usou a touca hipotérmica durante a quimioterapia
Sabrina usou a touca hipotérmica durante a quimioterapia

Recomendações

O uso da touca não tem contraindicação, nem para grávidas e crianças. Também não há efeito colateral porque o uso é tópico. Porém, o procedimento não pode ser usado por pacientes com tumores no couro cabeludo, assim como pessoas com câncer hematológico, tipo leucemia e linfático.

O sucesso da touca varia conforme o tratamento, explica a oncologista. Às vezes preserva até 100% dos fios e, em alguns casos, não funciona. Sabrina foi um caso bem-sucedido. Ela perdeu apenas 30% do cabelo, que ficava na cama e no ralo do banheiro.

— A touca funcionou muito bem para mim, mas o cabelo cai para caramba. Nos primeiros 15 dias caiu muito e liguei para a médica, que disse que era normal. O legal é que o cai de forma homogênea, não fica falhas. Por isso que ninguém percebe.

Sabrina também optou por um corte mais curto, motivada pela praticidade. Como a touca é específica para o couro cabeludo, as sobrancelhas e os cílios acabam caindo.

— A perda dos cílios e sobrancelha incomodou, mas foi só no último mês do tratamento. Realmente é muito chato porque o suor escorre direto dentro do olho. Mas todos os dias eu usava maquiagem, desenhava a sobrancelha. Quando não tinha paciência, colocava chapéu e óculos escuros.

A apresentadora relatou ter feito as atividades cotidianas normalmente, dentro das suas possibilidades, já que o corpo fica muito fraco durante o tratamento.

— Na questão estética, nada me impediu. Nos momentos em que eu estava mais sensível, já sem sobrancelha e muito inchada, eu pensava: puxa vida, que bom que eu estou com cabelo. Sem dúvida, a autoestima é uma força para continuar o tratamento.

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A touca hipotérmica custa, em média, U$ 250 (cerca de R$ 837) e está disponível em alguns hospitais particulares. No centro oncológico do Hospital São José, por exemplo, ela é usada há cinco anos. De acordo com o Ministério da Saúde, por ser um produto, e não um equipamento, a touca não é incorporada ao tratamento quimioterápico oferecido pelo SUS (Sistema Único de Saúde), o que não significa que os hospitais públicos não possam utilizá-lo. Ou seja, não é obrigatório e nem proibido.

Saiba como melhorar autoestima

Caso o paciente não possa usar a touca, seja por questões da doença ou mesmo por não ter acesso durante o tratamento, há maneiras de melhorar a autoestima. Segundo a psicóloga, cada pessoa reagirá de forma diferente.

— Dá para usar lenços, uma roupa bonita, maquiagem, sair para passear, visitar alguém, depende. Mas tem que tentar buscar fazer algo que faça a pessoa se sentir bem e se concentrar nisso, tirando a doença e o tratamento do foco.

O apoio da família e dos amigos também é fundamental para aguentar todo o processo, garante Sabrina.

— É difícil para todo mundo. O meu marido me apoiou bastante, mas a mais presente era a minha mãe. Ela é uma força absurda que estava do meu lado.

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