Trombose causa 165 internações diárias no Brasil, revelam médicos
A população deve ter cuidados relacionados à saúde vascular
Saúde|Do R7
Mais de 489 mil brasileiros foram internados para o tratamento de trombose venosa entre janeiro de 2012 e agosto de 2023. Apenas nos oito primeiros meses deste ano, cerca de 165 pessoas foram hospitalizadas todos os dias na rede pública para tratar do problema. Os dados são de um levantamento inédito, produzido pela SBACV (Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular).
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O estudo — divulgado nesta segunda-feira (6) — foi elaborado a partir de dados do Ministério da Saúde e, de acordo com a entidade, evidencia a necessidade dos brasileiros de terem cuidados diários relacionados à saúde vascular, já que o problema pode ser evitado por meio da adesão de medidas simples como a prática de exercícios físicos e o controle do peso corporal. A doença pode desencadear quadros clínicos ainda mais graves, como a embolia pulmonar.
Entenda o que é a doença
A trombose venosa ocorre quando há a formação de coágulos de sangue dentro das veias, principalmente nos membros inferiores, o que impede o fluxo natural do sistema cardiovascular. A condição pode causar manchas arroxeadas ou avermelhadas nos locais afetados, acompanhadas de sensação de desconforto, dor e inchaço.
Se o coágulo se forma numa veia profunda, o quadro é denominado trombose venosa profunda. Se é formado numa veia superficial, é denominado tromboflebite superficial.
As principais causas do problema são alterações na coagulação, imobilidade prolongada ou lesão nos vasos sanguíneos. Para a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular, o uso de anticoncepcionais, o cigarro e o histórico familiar são alguns dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de tromboses venosas.
Cenário nacional
O levantamento mostra, também, aquilo que a SBACV considera “um cenário preocupante” em relação ao número de internações para o tratamento da trombose: entre janeiro de 2012 e agosto de 2023, 489.509 brasileiros foram internados para o tratamento da doença.
Os dados revelam, ainda, que o ano que mais registrou internações por trombose venosa foi 2019, com 45.216 notificações. O Sudeste responde por 53% (258.658) de todos os registros. Já o Norte contabiliza menos internações pela doença: 25.193 casos de trombose venosa notificados pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
A média diária de internações para o tratamento da trombose venosa no país supera a marca de 165 pacientes em 2023, recorde na série histórica, iniciada em 2012. Em 2019, o ano com mais registros de internações dentro do período analisado, o total de procedimentos superou a média de 126 pacientes.
Estados
São Paulo foi o estado que mais contabilizou internações para o tratamento de trombose venosa, com 131.446 registros no banco de dados do SUS. Em seguida, aparecem Minas Gerais (77.823), Paraná (44.477) e Rio Grande do Sul (40.603).
Já os estados menos expressivos no número de internações pela doença são Roraima (485), Acre (1.087) e Tocantins (1.527).
Embolia pulmonar
A Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular afirma que uma trombose não diagnosticada precocemente e, consequentemente, não tratada, pode levar à formação de êmbolos que correm no interior das veias e podem chegar ao pulmão, comprometendo a oxigenação.
Por meio do fluxo natural do sangue, ao chegarem ao pulmão esses êmbolos podem causar a temida embolia pulmonar — quadro clínico caracterizado pela obstrução de canais sanguíneos no pulmão. A parcela do órgão comprometida pela falta de oxigenação não pode ser recuperada e é capaz de levar à morte.
O levantamento revela que 122.047 brasileiros já foram internados para o tratamento de embolia pulmonar. Em números absolutos, a região Sudeste é a que mais sofre com o problema, reunindo mais da metade dos registros do país (56.065), seguida pela região Sul (26.687), Nordeste (12.756), Centro-Oeste (7.907) e Norte (1.745).
São Paulo foi o estado que mais contabilizou internações ao longo da série histórica, com 30.664 notificações. Ainda no ranking de unidades federativas com números mais expressivos estão Minas Gerais (19.771), Rio Grande do Sul (9.542) e Paraná (7.707). Já os estados com os menores números de internações são Amapá (52), Roraima (61) e Acre (69).