Médico explica como injetáveis afetam a eficácia da pílula
Entenda a relação entre injetáveis e gravidez surpresa
Vanity Brasil|Do R7

O caso recente de gravidez relatado por Laís Caldas, atribuído ao uso de medicamentos injetáveis para perda de peso, trouxe à tona uma discussão relevante na prática clínica: a interação entre agonistas do receptor de GLP-1 e anticoncepcionais hormonais orais.
De acordo com o médico Dr. Renan Brites Sanches, o mecanismo envolvido não está relacionado à inativação hormonal ou indução enzimática hepática, mas sim a alterações na farmacocinética gastrointestinal.
“Os agonistas de GLP-1 promovem retardo do esvaziamento gástrico, efeito bem documentado e responsável tanto pela saciedade prolongada quanto por eventos adversos gastrointestinais. Esse atraso pode comprometer a absorção de medicamentos administrados por via oral, incluindo anticoncepcionais hormonais”, explica o médico.
Esse fenômeno pode resultar em redução da biodisponibilidade dos estrogênios e progestagênios, especialmente nas fases iniciais do tratamento ou durante o escalonamento de dose, período em que náuseas, vômitos e diarreia são mais frequentes.
Dr. Renan destaca que não se trata de “corte” direto do efeito contraceptivo, mas de uma absorção imprevisível, o que aumenta o risco de falha contraceptiva.
“O risco está restrito aos métodos orais. Anticoncepcionais que não dependem da absorção gastrointestinal — como DIU hormonal, DIU de cobre, implante subdérmico ou contraceptivos injetáveis — mantêm sua eficácia durante o uso dessas medicações”, esclarece.
A atenção é ainda maior no caso da tirzepatida, para a qual há recomendação formal de uso de método contraceptivo adicional por pelo menos quatro semanas após o início ou ajuste de dose, conforme orientações regulatórias.
O alerta reforça a importância de avaliação médica individualizada, especialmente em pacientes que utilizam pílulas anticoncepcionais e iniciam terapias para obesidade ou diabetes com agonistas de GLP-1.














