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Nem herói, nem vilão: a verdade sobre o café e a saúde

Fígado agradece, mas o sono reclama: veja o impacto real no seu corpo.

Vanity Brasil|Do R7

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Foto: Reprodução Vanity Brasil - Saúde

O café, um dos maiores fenômenos culturais e de consumo do mundo, vive um dilema constante nas manchetes: hora é tido como um poderoso protetor do coração e do fígado, hora como causador de ansiedade e aumento da pressão.

Mas, afinal, onde está a verdade sobre o líquido que vai muito além da simples cafeína? O cardiologista Gustavo Lenci Marques, professor de Medicina da PUCPR, detalha os complexos efeitos da bebida no organismo, alertando que ela não deve ser tratada nem como herói, nem como vilão.


  • Ação Multifacetada: O café contém centenas de compostos, como antioxidantes e substâncias que alteram o colesterol, o que significa que seus efeitos vão além do efeito de “despertar”.
  • Cafeína no Cérebro: O principal ativo bloqueia a adenosina, gerando alerta e reduzindo o cansaço. No entanto, essa ação também pode elevar a adrenalina e interferir na liberação de insulina, afetando o metabolismo da glicose. “O mesmo café que ajuda na produtividade também mexe com hormônios importantes do corpo”, explica o especialista.
  • Coração Ambíguo: No curto prazo, a cafeína pode subir a pressão arterial, mas a tolerância geralmente se desenvolve com o uso regular. Por outro lado, polifenóis parecem oferecer proteção cardiovascular. Uma ressalva importante é o modo de preparo: cafés sem filtro (como o de prensa francesa) contêm substâncias que podem aumentar o colesterol.
  • Aliado do Fígado? Estudos mostram que o café pode reduzir o risco de fibrose e cirrose, possivelmente devido a efeitos sobre a inflamação e o metabolismo das gorduras. O médico ressalta, contudo, que não há clareza se o benefício vem da cafeína, dos polifenóis ou de outros fatores.
  • Efeito no Cérebro: Há relações em pesquisas entre o café e menor risco de Parkinson e depressão, mas os dados não são definitivos. O certo é que o consumo em excesso ou fora de hora prejudica o sono, aumenta a ansiedade e pode gerar uma leve dependência.
  • Gestação Pede Cautela: A cafeína atravessa a placenta e o feto a metaboliza lentamente. Altas doses podem elevar o risco de baixo peso ao nascer e perda gestacional. Por isso, organismos internacionais limitam o consumo gestacional a, no máximo, o equivalente a duas xícaras por dia.
  • Metabolismo Individual: A forma como o café é processado varia muito de pessoa para pessoa, influenciada por genética, medicamentos e até tabagismo. É por isso que “alguns tomam café à noite e dormem tranquilos, enquanto outros ficam em claro com uma única xícara pela manhã”, conclui Marques.

O ponto de equilíbrio, segundo o cardiologista, é não usar o café como justificativa para exageros ou como “receita natural” para combater doenças. É, antes de tudo, um prazer que deve ser apreciado com consciência.

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