Violência doméstica interfere na amamentação, mostra pesquisa
Mulher vítima de violência tem 13% menos chance de fazer amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida do bebê, como recomenda a OMS
Saúde|Brenda Marques, do R7
Mulheres que sofrem violência doméstica têm 12% menos probabilidade de iniciar a amamentação no prazo de uma hora após dar à luz e 13% menos chance de fazer amamentação exclusiva – sem nenhum outro alimento ou bebida – nos primeiros seis meses de vida do bebê. Essas práticas são recomendadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
As informações são da primeira pesquisa que associou violência doméstica – física, sexual e emocional - e aleitamento materno em 51 países de baixa e média renda, de diferentes partes do mundo, desde janeiro de 2000 até janeiro de 2019. O estudo foi conduzido pela Universidade de Warwick, no Reino Unido e publicado na revista científica PLOS Medicine.
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Apesar das recomendações da OMS, só quatro em cada dez bebês no mundo são alimentados exclusivamente com o leite materno nos primeiros seis meses de vida. Além disso, em 2018, apenas 43% das crianças foi amamentada na primeira hora após o parto, conforme dados divulgados pela Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) em agosto de 2019.
“O início da amamentação, dentro de uma hora após o nascimento está associado à melhora da sobrevivência dos bebês, em países de baixa e média renda, enquanto a amamentação exclusiva também diminui infecções gastrointestinais e respiratórias”, disse o pediatra Moises Chencinski, criador do Movimento #EuApoioLeiteMaterno, por meio de nota.
Alimentar todas as crianças do mundo só com leite materno no início da vida poderia prevenir 823 mil mortes por ano entre meninos e meninas com menos de cinco anos de idade, de acordo com estudo publicado na revista The Lancet em 2016.
O médico acrescenta que a amamentação também traz benefícios a longo prazo para as mulheres, como a redução do risco de câncer de mama e melhora do efeito contraceptivo após a gravidez. Seria possível evitar 20 mil mortes por câncer de mama anualmente, aponta o estudo já citado.
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A violência doméstica é um grave problema de saúde: um terço das mulheres em todo o mundo é vítima, como mostra a pesquisa da Universidade de Warwick, e há um risco maior de exposição durante e após a gravidez. As diferentes formas de violência estão associadas a diversos prejuízos à saúde das mulheres. Dentre eles estão a depressão, doenças sexualmente transmissíveis e distúrbios ósseos.
Mais pesquisas serão necessárias para entender por que as mães que sofrem violência doméstica têm menos probabilidade de amamentar. Uma mulher que sofre violência doméstica pode ficar deprimida e, portanto, não acessar serviços de saúde e suporte, além de ter a autoconfiança e autoestima afetadas.
“A prioridade dos profissionais de saúde que trabalham com mulheres grávidas é identificar quem sofre violência doméstica e oferecer apoio personalizado às práticas de amamentação”, afirma Chencinski. “A amamentação é uma questão de direitos humanos para as mães e seus filhos, e ninguém deve impedir sua concretização”, defende o pediatra.
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