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Vômitos, diarreia e gastrite: veja os efeitos do consumo de pimenta entre crianças

Embora possa causar irritação no trato gastrointestinal, alimento não é proibido para crianças e pode ser introduzido no primeiro ano de idade

Saúde|Giovanna Borielo, do R7

Maverick fez caras e bocas ao provar pimenta
Maverick fez caras e bocas ao provar pimenta

Nos últimos dias, o pequeno Maverick, de 2 anos, viralizou com sua reação ao provar uma refeição de sua mãe, Amelia, que levava em seus ingredientes a famosa pimenta jalapeño. O garoto de Louisiana (EUA), no primeiro momento, olha desconfiado para a câmera e, quando a mãe coloca a mão para que ele cuspa, ele nega com a cabeça e começa a sorrir com o sabor.

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A gravação viralizou na internet e chamou a atenção dos espectadores, levando ao questionamento sobre se oferecer pimentas para bebês e crianças era ou não perigoso. Veja a seguir:


Os pediatras Paulo Telles e Anna Bohn, ambos membros da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), afirmam que, apesar da estranheza que a orientação possa gerar, pimentas podem ser oferecidas às crianças a partir do primeiro ano de idade, mas com precauções. 

"Durante o primeiro ano de vida, crianças estão em introdução alimentar sólida e se acostumando a diferentes sabores. Introduzir temperos intensos, como a pimenta, desde o início pode atrapalhar a aceitação dos alimentos. Além disso, crianças possuem o sistema intestinal e a pele mais sensíveis, podendo gerar desconfortos na região ou irritações de pele devido ao contato direto da pimenta", afirma Anna. 


Ela diz que algumas crianças podem ter maior tolerância a alimentos apimentados, se esses forem consumidos pela mãe durante o período de aleitamento.

No entanto, a inserção do ingrediente no cardápio deve ser feita de modo leve e gradual, para evitar reações como excesso de calor e garantir que a criança não se confunda sobre quais alimentos são naturalmente picantes.

Antes de 1 ano, é recomendado incluir, gradativamente, alguns temperos, como manjericão, orégano, cebola, alho e gengibre quando a criança já estiver aceitando uma boa parte dos alimentos iniciais, de modo a entender a sensibilidade aos sabores. Depois, pode-se passar a colocar canela e noz-moscada nas refeições. 

Após o primeiro ano, com a aceitação dos ingredientes anteriores, é possível iniciar o uso de cúrcuma, páprica, pimenta-do-reino, cardamomo e cravo. Por fim, curry e pimentas mais ardidas como malagueta, jalapeño e dedo-de-moça podem ser colocadas na alimentação da criança.

As pimentas mais ardidas devem ser oferecidas em pequenas quantidades para observar a aceitação da criança. 

"Você pode começar combinando com outros alimentos e especiarias. Pimentas com cominho e alho são uma ótima mistura de temperos. O ideal é fazer após a introdução estar bem estabelecida e que a criança já esteja na fase de novas experiências", aconselha Telles.

Ele indica, ainda, a remoção das sementes e da estrutura que as segura para reduzir a sensação de calor e ardência. 

Os médicos recomendam que o consumo seja esporádico, e pode haver maior frequência após os 5 anos, quando o sistema gastrointestinal já está mais maduro.

Embora pimentas como a jalapeño sejam boa fonte de vitaminas C, B6, E e K e sejam majoritariamente compostas de água (92%), essa e outros tipos (dedo-de-moça e habanero) podem gerar efeitos colaterais nas crianças, incluindo vômitos, náuseas, diarreia, salivação excessiva, gastrite, cólicas intestinais e indisposição.

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"Pimentas vermelhas intensas, com ardor intenso e sensação de queimação, são especialmente prejudiciais. Elas possuem capsaicina, uma substância alcalina, comum a pimentas desse grupo mais ardido, que é responsável pelos sintomas. Em excesso, podem inclusive levar a picos hipertensivos e matar", alerta Anna.

Por fim, Telles ressalta que os bebês podem desfrutar sabores fortes, incluindo pimentas, mas é importante começar com sabores suaves e ajustar o nível de especiarias para se adequar à criança — e que isso não seja feito em troca de curtidas nas redes sociais. 

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