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Vulnerabilidade social dificulta diagnóstico e tratamento de pessoas com esquizofrenia

Mais de meio milhão de brasileiros têm o transtorno psiquiátrico, mas número pode ser ainda maior

Saúde|Do R7

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Estudo da Unifesp revela que mais de 500 mil brasileiros têm esquizofrenia, mas número pode ser maior devido à falta de diagnósticos.
  • Homens entre 40 e 59 anos, desempregados e residentes em áreas urbanas estão entre os mais afetados.
  • Tratamento inclui uso de antipsicóticos e acompanhamento multidisciplinar para reintegração social.
  • Reconhecimento precoce dos sintomas é essencial para minimizar o impacto da doença e combater o estigma social.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Um estudo realizado pela Escola Paulista de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) apontou que mais de 500 mil brasileiros têm esquizofrenia. Esse número, no entanto, pode ser ainda maior devido à dificuldade de diagnóstico, sobretudo entre a população mais vulnerável.

Em entrevista ao Jornal da Record News de quinta-feira (11), Ary Gadelha, professor do Departamento de Psiquiatria da Unifesp e responsável pelo levantamento, explica que a desinformação sobre a doença contribui para um cenário subestimado.


Desenvolvimento da esquizofrenia é influenciado por uma combinação de predisposição genética e fatores ambientais Reprodução/Record News

“A esquizofrenia é uma das doenças mais estigmatizadas, e essa pesquisa envolveu o autorrelato de tal forma que pessoas que não têm acesso ao sistema de saúde talvez não recebam o diagnóstico”, afirma.

O desenvolvimento da esquizofrenia é influenciado por uma combinação de predisposição genética e fatores ambientais, como complicações obstétricas e uso abusivo de substâncias. O diagnóstico requer identificação precisa dos sintomas psicóticos, como delírios ou alucinações.


“Pessoas em situação de vulnerabilidade possivelmente são mais expostas a situações adversas, como complicações obstétricas, violência, uso de substâncias. Isso tudo aumenta o risco de desenvolver essa condição”, ressalta Gadelha.

O tratamento, segundo o professor, é multidisciplinar: “Envolve, da parte do psiquiatra, a indicação de uma medicação chamada antipsicótico, capaz de controlar esses delírios e alucinações. Isso permite que a pessoa consiga ter uma conexão social mais adequada, livre dessas ideias delirantes ou dos sintomas alucinatórios.”


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No Brasil, esses medicamentos estão disponíveis pelo SUS (Sistema Único de Saúde), mas muitos deles são considerados obsoletos em comparação com opções modernas, que provocam menos efeitos colaterais.

Segundo o professor, o acompanhamento com psicólogos e terapeutas ocupacionais também é fundamental para auxiliar na reintegração social dos pacientes. “Muitas vezes, ela [a pessoa com esquizofrenia] sai da faculdade, não consegue concluir a escola, tem inúmeras dificuldades na sua vida”, afirma.


Embora não exista cura, o controle eficaz por meio do acompanhamento contínuo permite que muitos pacientes levem vidas produtivas. “Com o tratamento adequado, a gente consegue 70% a 90% dos casos com um bom controle dos delírios e alucinações, o que é ótimo”, explica.

A pesquisa destaca que o transtorno psiquiátrico atinge, principalmente, homens entre 40 e 59 anos, indivíduos sem emprego formal, com baixa renda e residentes em áreas urbanas. O reconhecimento precoce dos sintomas, que se manifestam normalmente entre 18 e 30 anos, é essencial para minimizar os impactos da doença.

“Essas pessoas muitas vezes não aceitam a medicação. Se você soma essa dificuldade da doença com o estigma que existe da sociedade, em que você coloca as pessoas com esquizofrenia como pessoas violentas, pessoas que fazem coisas absurdas, a própria pessoa com esquizofrenia, a família, às vezes rejeita o diagnóstico, o que só agrava a doença”, finaliza.

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