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Zika: apenas 35% dos bebês com microcefalia têm estímulo precoce

País registra 16 mil notificações de microcefalia desde 2015, ano do surto da zika; tipo de assistência diminui impactos neurológicos causados pela doença

Saúde|Deborah Giannini, do R7

Microcefalia é uma condição neurológica que interfere no crescimento do cérebro
Microcefalia é uma condição neurológica que interfere no crescimento do cérebro Microcefalia é uma condição neurológica que interfere no crescimento do cérebro

Apenas 35% dos bebês com microcefalia provocada pela zika recebem estimulação precoce, de acordo com boletim epidemiológico de dezembro divulgado pelo Ministério da Saúde.

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Segundo o pesquisador Gustavo da Matta, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), e coordenador da Rede Zika Ciências Sociais, esse serviço é fundamental para diminuir os impactos neurológicos causados pela doença.

Entre os 2.819 casos confirmados de microcefalia no país desde 2015, ano do surto, até o momento, apenas 29% recebem assistência completa – uma em cada três crianças. Esse atendimento inclui estimulação precoce, puericultura (61%) e atenção especializada (64%).

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Segundo o levantamento, em 72% dos casos foi reportado algum desses cuidados. A estimulação precoce consiste em atendimento com equipe multidisciplinar, como fonoaudiólogos e fisioterapeutas; a puericultura trata do acompanhamento e orientação após o nascimento, como pesagem e orientação nutricional, e a atenção especializada se refere ao atendimento de especialistas, como neuropediatra e gastroenterologista.

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“Uma das razões do baixo índice de estimulação precoce é que o Ministério da Saúde tem capacitado profissionais de saúde para isso, mas, infelizmente trata-se de um serviço muito localizado nos grandes centros, então, boa parte dessas crianças acabam não tendo acesso. Outra razão é a necessidade de maior investimento em núcleos especializados para crianças não só com microcefalia, mas com outras síndromes congênitas”.

Mais de 16 mil casos suspeitos de microcefalia

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Desde 2015, houve 16.900 notificações de microcefalia no país. Para o pesquisador, esse número é subestimado. “Esse número muito provavelmente é maior, há muitos casos suspeitos justamente porque ainda não há um bom teste diagnóstico para a zika para saber se ela circulou ou se continua circulando no organismo de uma pessoa”, afirma.

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“As famílias precisam de transporte adequado e outros suportes e, a falta disso, pode dificultar a chegada dessas crianças a esse serviço de saúde. A microcefalia tem toda uma repercussão social que não é computada nas estatísticas”, completa.

O pesquisador ressalta ainda os distúrbios neurológicos que não apresentaram microcefalia – circunferência do crânio menor que 33 cm ao nascer. “Dados do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) mostram que de 30% a 40% das crianças acompanhadas não têm microcefalia e vão apresentar distúrbios neurológicos ao nascer ou anos depois. Por isso a necessidade de acompanhamento até que se consiga ter uma ideia melhor desse número”, explica.

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A maioria dos casos de microcefalia por zika foi registrado na região Nordeste (58,6%). Em seguida estão a Sudeste, com 25%, e a Centro-Oeste, 7,5%.

Os cinco Estados com o maior número de casos notificados são Pernambuco (16,4%), Bahia (15,7%), São Paulo (9,7%), Rio de Janeiro (7,0%) e Paraíba (6,9%).

Segundo o boletim, ocorreram 4.121 casos em 2015, 8.610 em 2016, 2.652 em 2017 e 1.517 em 2018. “O vírus continua circulando pelo país e deve ser uma preocupação neste verão”, afirma o pesquisador.

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