O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de São Paulo deflagrou nesta quarta-feira, 18, a Operação Fast Track, visando desarticular a célula jurídica do Primeiro Comando da Capital, o PCC. Segundo a Promotoria, agentes fazem 23 buscas e cumprem 13 mandados de prisão, sendo que entre os alvos da ofensiva está Armani, que assumiu o comando nacional de célula da facção batizada como "Setor do Universo".
"Com o emprego de recursos oriundos de crimes perpetrados pela facção, notadamente o tráfico de drogas, Armani contratou advogados com atuação em diversas regiões do território nacional, com a finalidade precípua de permitir que os chefes do PCC, presos, continuassem a se comunicar com integrantes da facção em liberdade. Por meio de atendimentos presenciais, os advogados contratados levavam informações aos líderes e recebiam ordens que deveriam ser transmitidas a outros criminosos", informou o MP-SP em nota.
A operação foi aberta por ordem do juiz Ulisses Augusto Pascolati Júnior, da 2ª Vara Especializada em Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores conta com apoio da Polícia Militar do Estado de São Paulo (1º Batalhão de Choque - Rota - e 4º Batalhão de Choque - Bope) e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). A ofensiva cumpre mandados em Rondônia, Distrito Federal (Brasília), Rio Grande do Norte (Mossoró) e em São Paulo - em diversos municípios.
Segundo os investigadores, Armani recebeu "poderes" da "Sintonia Final" do PCC para assumir o controle do "Setor do Universo" após a cúpula da facção ser transferida o sistema penitenciário federal e distribuída entre as penitenciárias de Porto Velho (RO), Brasília (DF) e Mossoró (RN), no dia 13 de fevereiro de 2019. A Promotoria lembrou que a transferência tinha como objetivo impedir que os chefes do PCC continuassem a transmitir ordens de dentro dos presídios.
Os investigadores citaram o exemplo de um traficante da Baixada Santista, que, surpreendido pela operação de transferência, nomeou sucessores com apoio de uma advogada, que atuou como mensageira. Segundo o MP-SP, as apurações sobre tais tratativas deram origem à Operação Colorido, também deflagrada nesta quarta, 18.
"Os defensores ainda intermediavam o pagamento de propinas para policiais, transmitiam cobranças de dívidas e até ameaças de morte a mando da organização criminosa. Não raro, os próprios advogados se envolviam em disputas que eram solucionadas pelo sistema de disciplina da facção, mediante o exercício de poderes de decisão por Armani, indicando inserção na estrutura hierárquico-piramidal do PCC", detalhou a Promotoria.
No "Setor do Universo", Armani tinha ainda a responsabilidade de custear caros tratamentos médicos para os membros de cúpula do PCC, diz o Ministério Público paulista. Os promotores identificaram que ele autorizou pagamentos de R$ 72 mil em razão de um problema oftalmológico apresentado por um dos líderes da organização.
A célula da facção também providenciava estadia e casas de apoio para familiares de presos nas penitenciárias federais.