Apps de paquera: 73% dos brasileiros dizem fazer pesquisas sobre a pessoa após dar match
Pesquisa mostra que usuários checam perfis de familiares, olham páginas profissionais e verificam antecedentes criminais
Tecnologia e Ciência|Sofia Pilagallo*, do R7
Entre os brasileiros usuários de aplicativos de paquera, 73% admitem terem pesquisado sobre a pessoa após o match — destes, 52% o fizeram pelas redes sociais e 27% por meio de sites de busca. É o que aponta um levantamento sobre online creeping (busca online por informações pessoais de alguém sem consentimento) realizado pela empresa de cibersegurança Norton.
A pesquisa revela ainda que mais de um quarto (26%) dos entrevistados checaram também os perfis de amigos e familiares do match e 25% dizem ter olhado as redes sociais profissionais do pretendente. Do total dos participantes da pesquisa, 7% foram ao extremo e afirmam que pagaram para realizar uma checagem de antecedentes criminais do potencial parceiro.
"É normal que a maioria das pessoas faça alguma forma de verificação antes de conhecer alguém pela primeira vez após o match no app", afirma o diretor técnico da Norton, Kevin Roundy.
"No entanto, algumas pessoas estão levando essa checagem a outro nível, o que pode ultrapassar a linha de segurança pessoal e entrar na esfera de online creeping e cyberstalking, considerando o acesso a informações pessoais permitido em aplicativos de relacionamento. Dados pessoais atualizados constantemente nas plataformas tornam as pessoas vulneráveis caso caiam em mãos erradas", completa.
Após descobrir informações que não gostariam de saber, geralmente mentiras sobre seus dados pessoais, como idade, altura, entre outros, 59% admitem que cancelaram o match. Outros 31% o fizeram depois de encontrar fotos online que não se alinhavam com as vistas anteriormente no site ou no app.
Relacionamentos amorosos fora dos aplicativos
O estudo mostra também que o online creeping não acontece apenas nos apps de namoro. Mais da metade dos brasileiros (54%) que está ou esteve em um relacionamento amoroso admite que já investigou as redes sociais de seus companheiros sem seu conhecimento ou consentimento. As formas mais comuns de investigação são checar o celular do parceiro à procura de mensagens, chamadas, e-mails e fotos (27%) e olhar o histórico de busca nos aparelhos eletrônicos do parceiro (24%).
Do total de respondentes, 14% afirmam ainda ter criado perfis falsos para olhar as redes sociais do parceiro, 11% dizem ter usado a senha do companheiro para acessar suas redes sociais sem consentimento e outros 11% contam que chegaram até mesmo a rastrear a localização do parceiro usando aplicativos específicos. Cerca de 8% admite usar ou já ter usado o Stalkerware ou o Creepware, apps desenvolvidos especificamente para monitorar, em segredo, as mensagens, chamadas e e-mails de alguém.
O levantamento foi realizado de forma remota, entre 15 de novembro a 7 de dezembro do ano passado, com mil adultos com mais de 18 anos, dos quais 727 já usaram um app ou site de paquera. Quando necessário, os dados foram ponderados por idade, sexo, região e educação para alinhá-los com proporções reais entre aqueles que estão online.
*Estagiária do R7 sob supervisão de Pablo Marques