Como é pagar com cartão de crédito e smartphone nos ônibus de SP
Sistema de pagamento por aproximação permite usar dispositivos com tecnologia NFC para liberar a catraca
Tecnologia e Ciência|Pablo Marques, do R7
Os ônibus de São Paulo aceitam o pagamento da passagem por cartões de crédito, débito ou pré-pago desde 16 de setembro deste ano. O programa piloto foi introduzido em 12 linhas da capital paulista, que juntas transportam 2,9 milhões de passageiros mensalmente.
Os cartões podem ser usados em 200 ônibus equipados em catracas com NCF, sigla em inglês para Near Field Communication. O pagamento ocorre por aproximação de cartões e até de smartphones compatíveis com essa tecnologia. Essa forma de transação bancária é utilizada em diversos países, mas ainda é pouco conhecida dos brasileiros.
"É pouco usado o pagamento com cartão de crédito. Eu vejo no máximo 5 pessoas por dia, das 6h da manhã até as 17h, que é o meu turno aqui no ônibus", afirma Benivaldo Maximo, que trabalha como cobrador há 10 anos.
Segundo a SPTrans, até o momento cerca de 6 mil passageiros utilizaram essas novas formas de pagamento da tarifa de R$ 4,30.
Teste da catraca
O R7 realizou testes em duas linhas de ônibus que circulam pela avenida Paulista na última sexta-feira (25). A linha 715M/10 (Jd. Maria Luiza – Lgo. da Pólvora) é a mais movimentada do projeto piloto e transporta cerca de 350 mil passageiros mensalmente.
No primeiro embarque, o ônibus indicava que a catraca tinha a tecnologia NFC e o cobrador soube informar qual era a maneira correta para utilizar o pagamento por cartão. Assim como um bilhete único convencional, o cartão foi encostado no validador e a catraca, liberada.
O teste seguinte foi com o pagamento da tarifa pelo NFC de um smartphone. Após o embarque em um ônibus da linha 917M/10 (Morro Grande – Metrô Ana Rosa), foram realizadas cinco tentativas de pagamento, mas em nenhuma foi possível realizar a transação. Em seguida, foi utilizado um cartão de crédito e também não foi possível passar para a parte de trás do ônibus.
Diante das falhas e para verificar se a catraca estava funcionando, foi usado um bilhete único comum. Assim a tarifa foi paga e foi possível seguir a viagem.
A reportagem embarcou novamente em um ônibus da linha 715M/10 e tentou realizar o pagamento pelo NFC do celular. Desta vez, a tarifa foi debitada e a catraca, liberada.
Segurança
No Brasil, somente as compras até R$ 50 não precisam de senha para serem confirmadas. Compras acima desse valor precisam ser liberadas com a senha de quatro dígitos do cartão. No caso dos smartphones, é preciso desbloquear o aparelho por senha, digital ou reconhecimento facial.
"Eu acho o pagamento por aproximação seguro, mas prefiro deixar o cartão de crédito para outras despesas e usar o bilhete único mesmo. Se um dia esquecer ou não tiver crédito, posso até usar essa forma de pagamento", afirma a cabelereira Gisele Conceição, 33 anos.
A estudante Vitória Giachetti, 19 anos, pagou a passagem com notas e moedas, porque estava sem o seu bilhete, mas afirma que usaria a nova forma de pagamento.
"Hoje eu acabei esquecendo, mas usaria o meu cartão de crédito nas catracas sem nenhum problema. Eu até acho mais prático ter que usar apenas um cartão ao invés de ter vários na carteira", explica Vitória.
Vale a pena?
O pagamento por aproximação em ônibus da capital paulitsa ainda é algo pouco usado porque os usuários ainda encontram mais vantagens no Bilhete Único.
"Eu vi propagadas nos ônibus sobre essa foram de pagamento, mas eu sou estudante e para mim não vale a pena", diz a universitária Heloísa Dantas, 20 anos.
Não é possível ajustar a tarifa de acordo para passageiro que são estudantes, por exemplo. Outra desvantagem é que o sistema ainda não tem integração com as catracas do metrô ou do trem. No caso do bilhete, o uso de mais de um tipo de transporte público garante uma tarifa mais barata.
"Eu não uso porque preciso da integração com o metrô, mas quem pega ônibus só de fim de semana, por exemplo, pode ter alguma vantagem", diz Rosa Gomes, 58 anos.
Problemas e reclamações
Procurada pela reportagem, a SPTrans afirma que uma equipe técnica acompanha todas as transações do projeto piloto para averiguar possíveis anomalias e efetuar a correção e aprimoramento do sistema, se necessários.
A orientação dada ao passageiro que enfrentar qualquer dificuldade no momento de passar a catraca é anotar o prefixo do veículo, linha, local, horário da viagem e os 4 últimos números do cartão utilizado no embarque e entrar em contato com a SPTrans.
A prefeitura de São Paulo não registrou reclamações de passageiros por dificuldade em usar o NFC das catracas duarante o projeto piloto. O Procon-SP também não registra nenhuma reclamação semelhante.
NFC em outras cidades
A cidade do Rio de Janeiro foi a primeira a contar com o pagamento por aproximação no transporte público. Segundo a MetrôRio, foram 390 mil transações do final de abril até o dia 24 de outubro
O sistema registrou crescimento de 327% na média de utilização em dias úteis, de maio até outubro. Atualmente, cerca de 4,2 mil passagens são pagas diariamente por meio do novo serviço.
A maior parte das transações (54%) é feita com dispositivos como celular, pulseiras ou relógios, e 46% por cartões com a tecnologia NFC implantada.