Coronavírus aumenta demanda por vida mais conectada
coronavírus forçou a adoção de medidas emergenciais, que vão desde o cancelamento de congressos até a adoção de trabalho em regime home office
Tecnologia e Ciência|Da EFE
A pandemia de coronavírus está aumentando a demanda por serviços de videoconferência, cursos virtuais e saúde eletrônica entre as medidas adotadas por empresas, governos e diversas entidades para evitar o contágio e ficar em casa, tornando a vida ainda mais hiperconectada.
O coronavírus forçou a adoção de medidas emergenciais, que vão desde o cancelamento de congressos até a adoção de trabalho em regime home office e o fechamento de instituições de ensino, fazendo com que cerca de 636 milhões de alunos de todo o mundo fiquem sem aula, segundo a Unesco.
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O Twitter, por exemplo, recomendou que os funcionários trabalhem de casa até novo aviso, medida similar à que foi adotada por Apple e IBM em "áreas altamente impactadas".
Embora as empresas de tecnologia tenham sido impactadas pela turbulência do mercado, incluindo nas finanças, a demanda por seus serviços está crescendo à medida que países como Itália e Espanha recomendam atividades domiciliares.
Até a Casa Branca pediu para que gigantes da tecnologia como Google, Microsoft e Apple ajudem cientistas nas pesquisas em busca de soluções para o coronavírus através da inteligência artificial. Twitter e Facebook foram encarregados de combater a desinformação sobre a doença Covid-19.
Tudo em casa
Embora a cadeia de abastecimento possa ser afetada pela paralisação de fábricas, o comércio eletrônico está definido para desempenhar um papel importante neste contexto, e até mesmo os varejistas "podem se beneficiar se os consumidores forem forçados a passar mais tempo em casa", de acordo com um relatório publicado por analistas da UBS Wealth Management.
Desde a semana passada, as empresas que oferecem entretenimento sem sair do sofá têm levado a melhor em Wall Street. Entre elas estão a Netflix, cujas ações subiram quase 16% neste ano; a desenvolvedora de jogos para celular Zynga, 15%; o Twitter, 9%; e a Amazon, quase 5%.
Conferências digitais
Pablo Marrone, líder de colaboração latino-americana da empresa americana Cisco, reconheceu à Agência Efe que o uso dos serviços de videoconferência Webex "disparou", e comentou "que as assinaturas gratuitas nos países afetados aumentaram sete vezes em relação às taxas de registro antes do surto".
"Por exemplo, vimos o volume de reuniões da Webex que normalmente aconteceriam em um mês inteiro no Japão e na Coreia do Sul nos primeiros 10 dias de março. Continuamos a ver aumentos sem precedentes no tempo que gastamos em reuniões de vídeo Webex em Japão, Singapura, China, Coreia do Sul e Itália.
Marrone acredita que essa tendência continuará, pois mais de 30% dos principais clientes globais já pediram ajuda para ampliar o trabalho remoto, "seja aumentando o número de usuários com acesso aos Webex Meetings ou o volume total de reuniões da Webex que estão ocorrendo".
Este não é um caso isolado, a Zoom Video Communications, especializada em videoconferência, se valorizou 69% desde o início do ano. O Slack Technologies, um sistema de mensagens internas, subiu 20% no mesmo período.
Aumenta busca para evitar desinformação
O CEO do Google, Sundar Pichai, anunciou que as buscas por "dicas de limpeza do coronavírus" aumentaram mais de 1.700% nos Estados Unidos em uma semana e que a empresa tem trabalhado para combater a desinformação.
Além disso, "funcionários, educadores e alunos estão usando produtos como Gmail, Calendar, Drive, Classroom, Hangouts Meet e Hangouts Chat, assim como o G Suite for Education, para serem produtivos enquanto trabalham e aprendem remotamente, incluindo centenas de milhares de alunos em Hong Kong e Vietnã, onde as escolas foram fechadas".
Aulas online
Após a declaração da pandemia, a plataforma virtual americana Coursera permitirá que todas as universidades afetadas do mundo inteiro acessem gratuitamente o seu catálogo de cursos através do Coursera for Campus.
A empresa compartilhou uma nota do diretor executivo, Jeff Maggioncalda, na qual o dirigente explica que "estas instituições terão acesso até 31 de julho de 2020". Depois, a empresa planeja "conceder prorrogações mensais dependendo das avaliações de risco prevalecentes".
Universidades nos Estados Unidos, como as de Columbia, Berkeley e Harvard fecharam as portas, total ou parcialmente, e estão oferecendo cursos via internet.
Serviços de saúde
O gerente geral da IBM Colômbia, Patricio Espinosa, revelou à Efe que a empresa está disponibilizando gratuitamente o sistema de Desenvolvimento Clínico IBM (CDI) para as agências nacionais de saúde para testes clínicos aplicáveis que podem ajudar a acelerar o desenvolvimento de medicamentos para combater a Covid-19.
"O sistema foi projetado para reduzir o tempo e o custo dos testes clínicos, centralizando e organizando os dados apenas desses testes clínicos, fornecendo acesso 24 horas por dia, sete dias por semana, através de um único URL a partir de qualquer dispositivo habilitado para a web e fornecendo uma plataforma de gerenciamento de dados flexível e escalável", explicou.
Espinosa também observou avanços, como o supercomputador Summit, desenvolvido pela IBM para uso no Laboratório Nacional Oak Ridge nos EUA, que está sendo usado na luta contra a doença causada pelo novo coronavírus.
"Está executando simulações computadorizadas que podem examinar o vírus mais rapidamente do que fazer o microorganismo crescer no laboratório, já que os pesquisadores trabalham em uma possível vacina ou cura", analisou.
Impacto nos envios
De acordo com um gráfico elaborado pelo portal alemão "Statista", baseado em dados da empresa de pesquisa de mercado TrendForce, as remessas globais serão impactadas neste trimestre devido à Covid-19, sendo os segmentos mais afetados os smartwatches (16%), notebooks (12,3%), alto-falantes inteligentes (12,1%), smartphones (10,4%), videogames (10,1%) e televisores (4,5%).
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