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Tecnologia e Ciência

É falso que livro de 1981 tenha previsto epidemia de covid-19

Postagens sugerem que a obra "The eyes of Darkness" antecipou a covid-19 e indicou relação da doença com a China

Tecnologia e Ciência|Do R7

Teoria falsa tenta provar que pandemia de covid-19 foi prevista por livro da década de 80
Teoria falsa tenta provar que pandemia de covid-19 foi prevista por livro da década de 80

Circulam pelas redes sociais e pelos aplicativos de troca de mensagens imagens de trechos do livro, "The eyes of Darkness" (Os Olhos da Escuridão), de Dean Koontz, sugerindo que o autor previu que o mundo viveria uma pandemia em 2020

A obra lançada em 1981 fala de uma arma biológica "perfeita" que teria recebido o nome de "Wuhan-400", o mesmo nome da cidade chinesa onde foram registrados os primeiros casos de covid-19. Isso foi suficiente para que muitas pessoas acreditassem que existe uma relação entre a literatura e o mundo real.

Apesar da coincidência, o nome que aparece nas imagens da internet não é o mesmo que Koontz pensou lá em seus rascunhos. Na primeira versão do livro publicada na década de 80, o nome da arma biológica era Gorki-400, uma referência a uma cidade soviética e também uma forma de aproveitar o contexto da Guerra Fria, que tinha os comunistas como inimigos dos EUA.

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De acordo com o jornal South China Morning Post, a mudança no nome ocorreu apenas na edição que chegou às livrarias em 1989, nove anos depois do lançamento e após a queda do regime soviético.


Outro ponto que indicaria que não houve uma previsão é que o autor descreve um vírus que tem um período de incubação de poucas horas e letalidade de 100%. O vírus SARS-CoV-2, causador da covid-19, no entanto, tem incubação de até 15 dias e não é mortal na grande maioria dos casos, apesar do risco para pessoas idosas ou com problemas crônicos de saúde.

Apesar da desconfiança de alguns países sobre a origem do novo coronavírus, não existe nenhuma evidência de que a doença tenha sido criada pelos chineses para fins políticos ou militares, como sugere o livro. 

A hipótese mais aceita até o momento é que os mercados de rua em Wuhan teriam vendido pratos à base de carne de animais silvestres, possivelmente morcegos, que continham a nova versão do cornavírus e que causou a doença nos humanos.

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