'É hora de desmembrar o Facebook', diz cofundador da rede social
Chris Hughes, um dos criadores da plataforma, publicou um artigo de opinião no jornal The New York Times criticando a gestão da empresa
Tecnologia e Ciência|Pablo Marques, do R7
O cofundador do Facebook Chris Hughes publicou nesta quinta-feira (9) um artigo de opinião no jornal norte-americano New York Times. O ex-colega de faculdade de Mark Zuckerberg fez críticas à empresa e afirmou "É hora de desmembrar o Facebook".
"Somos uma nação com a tradição de controlar monopólios, não importa a intenção dos líderes dessas empresas. O poder de Mark Zuckerberg é sem precedentes e anti-americano”, escreveu Hughes.
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Hughes caracteriza Zuckerberg como uma boa pessoa boa e gentil, mas faz uma ressalva. "Estou com raiva porque seu foco no crescimento o levou a sacrificar a segurança e a civilidade por cliques", afirma.
A empresa não é a mesma que foi criada em um dormitório de uma das mais conceituadas universidade norte-americanas há 15 anos. Hoje, são mais de 2 bilhões de usuários. Cerca de 70% dos adultos norte-americanos usam mídias sociais e a grande maioria está nos produtos do Facebook. Mais de dois terços usam a rede social, um terço usa o Instagram e um quinto usa o WhatsApp.
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Hughes se diz desapontado por não ter percebido, juntamente com a equipe do Facebook, que o algoritmo poderia alterar a cultura, influenciar as eleições e capacitar líderes nacionalistas.
"O aspecto mais problemático do poder do Facebook é o controle unilateral de Mark sobre a fala. Não há precedentes para sua capacidade de monitorar, organizar e até mesmo censurar as conversas de dois bilhões de pessoas", afirma.
Ele cobra que Mark Zuckerberg seja responsabilizado e culpa o poder legislativo dos EUA de não se preocupar em garantir um mercado competitivo e a proteção dos usuários. Nem mesmo a multa de R$ 5 bilhões que a empresa deve receber em breve seria suficiente.
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No ano passado, Zuckerberg depôs no congresso dos EUA para prestar esclarecimento após o vazamento de dados de 87 milhões de usuários pela consultoria política Cambridge Analytica. A repercussão do episódio não foi positiva e essa seria a intenção do executivo da rede social. Segundo Hughes, "os legisladores que o interrogaram foram ridicularizados por estarem muito velhos e sem contato para entender como a tecnologia funciona".
"Precisamos de uma nova agência, com poderes do Congresso, para regulamentar as empresas de tecnologia. Seu primeiro mandato deveria ser proteger a privacidade."
Hughes conclui que Mark Zuckerberg não poderá consertar o Facebook, mas acredita que o governo seria capaz de assumir essa responsabilidade.
Ao R7, o Facebook enviou o seguinte posicionamento assinado por Nick Clegg, vice-presidente de Global Affairs e Comunicações do Facebook:
“O Facebook entende que com o sucesso vem responsabilidade. Mas você não impõe essa responsabilidade exigindo a cisão de uma empresa americana bem-sucedida. A responsabilidade das empresas de tecnologia só pode ser alcançada por meio da introdução diligente de novas regulações para a internet. Isso é exatamente o que Mark Zuckerberg tem pedido. Aliás, ele está se reunindo com líderes do governo nesta semana para dar continuidade a esse trabalho.”