Empresas congelam publicidade no YouTube após polêmica com criança
Wall Street Journal informou que Nestlé, McDonald’s e a fabricante do Fortnite deixaram de anunciar depois de suposto conteúdo com exploração sexual
Tecnologia e Ciência|Do R7
Várias companhias espalhadas pelo mundo, como a Nestlé, McDonald’s e a Epic Games, responsável pela criação do Fortnite, suspenderam publicidade no YouTube, na semana passada, depois da veiculação de um vídeo, no próprio YouTube, que indica a presença de conteúdos com exploração sexual de crianças na plataforma de vídeos.
A informação consta de uma reportagem do jornal americano The Wall Street Journal.
Os anunciantes deixaram de repassar conteúdos publicitários para o YouTube após o blogueiro Matt Watson mostrar evidências de que a plataforma não conseguiu impedir que pedófilos se comunicassem, trocassem informações e distribuíssem links de pornografia infantil nos comentários.
De acordo com o blogueiro, as crianças apareciam em posições comprometedoras. Além do conteúdo questionável, diz, os vídeos estão sendo monetizados pelo Youtube, com as visualizações de anúncios das próprias marcas nos vídeos sob suspeita.
O vídeo do blogueiro, que já recebeu mais de 3 milhões de visualizações até a manhã desta terça-feira (26), diz que o algoritmo de recomendação do YouTubeleva os usuários a um conteúdo semelhante, no caso, os vídeos suspeitos.
Assista à reportagem do Domingo Espetacular sobre o caso:
O McDonald’s Corp., citada entre as marcas cujos anúncios eram veiculados no conteúdo suspeito, parou de repassar recursos publicitários para o YouTube, segundo o jornal. A empresa não respondeu a um pedido de comentário.
Já a Epic Games, sediada na Carolina do Norte (EUA), também congelou os repasses para a plataforma de vídeo e informou, por meio de um porta-voz, que, "por meio de nossa agência de publicidade, contatamos o Google/YouTube para determinar as ações que tomarão para eliminar esse tipo de conteúdo de seus serviços".
A Nestlé também informou, por meio de um porta-voz, que congelou a publicidade no YouTube depois que descobriu que seus anúncios apareciam nos vídeos suspeitos.
O jornal americano destaca que uma porta-voz do YouTube agiu imediatamente depois de tomar conhecimento sobre os vídeos questionáveis, desabilitando comentários que violam suas políticas e excluindo contas e canais. As políticas da empresa proíbem conteúdo ou comentários de usuários que sexualizem ou explorem crianças.
O escândalo sobre suposta veiculação de conteúdo sexual de crianças relembra um episódio semelhante em 2017, quando grandes anunciantes retiraram publicidade do YouTube após revelações de que seus anúncios haviam aparecido ao lado de conteúdo extremista ou racista.
Gestão de crise
Após a divulgação do vídeo do blogueiro, executivos do Alphabet, empresa que é dona do YouTube, fizeram uma teleconferência com anunciantes, na última quarta-feira, para tentar acalmar as preocupações. A gigante da tecnologia explicou as medidas que tomou para lidar com problemas de segurança de marca que assolaram a plataforma, segundo pessoas a par do assunto.
Os executivos também informaram aos clientes que o YouTube delineou novas restrições e mudanças de produtos nas 24 horas seguintes à denúncia.
Os gastos com anúncios vinculados aos vídeos sinalizados totalizaram menos de US$ 8.000 (cerca de R$ 30 mil) nos últimos 60 dias, de acordo com a porta-voz do YouTube. Ela se recusou a dizer quais empresas gastaram esses dólares, mas disseram que receberiam reembolsos.
Embora o impacto financeiro seja limitado, os anunciantes apontam que a preocupação está no dano à reputação que uma marca pode sofrer por estar associada a tal conteúdo.