Futuro da guerra: robôs poderão decidir o momento para atacar
Equipamentos militares autônomos poderão avaliar um alvo e apertar um gatilho sem interferência de um humano
Tecnologia e Ciência|Pablo Marques, do R7
Os drones e robôs militares estão sendo projetados para substituir não só veículos usados nos campos de batalha, mas também soldados e seus superiores.
A evolução da tecnologia permitirá equipamentos capazes de identificar um alvo e decidir quando apertar o gatilho.
Essa é a projeção da reportagem publicada pela The New York Times Magazine nesta semana.
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Até hoje, todas as decisões em um conflito armado sempre foram tomadas por um humano, mas isso pode estar prestes a mudar. A inteligência artificial, a evolução dos sensores e os novos softwares permitirão que não seja necessário um militar no comando.
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Um dos pontos polêmicos do uso da tecnologia em guerras é sobre quando delegar a decisão a uma máquina para tirar a vida de uma pessoa. Os apoiadores dessa revolução apostam que esse tipo de automação irá diminuir erros.
"Um robô operando com milisegundos e olhando para dados que você não consegue obter irá dizer o momento exato para o uso de uma arma e limitar os danos colaterais", disse Tony Cerri, ex-membro do Comando de Treinamento e Doutrina do Exército dos EUA, para a revista.
As potências militares EUA, Rússia e China trabalham em projetos que buscam desenvolver máquinas mais eficiente e menos dependentes de um comando. O Reino Unido e Israel já utilizam alguns equipamentos que conseguem atacar alvos com certa autonomia.
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Experiência com carros autônomos
Um outro ramo de pesquisa com inteligência artificial mostra que máquinas também erram. Os carros autônomos, por exemplo, já se envolveram em acidentes. Os sensores e programas para interpretar riscos e evitar colisões não foram suficientes para impedir vítimas fatais no trânsito.
Neste mês, a ONU (Organização das Nações Unidas) deve publicar um relatório sobre o futuro dos conflitos e o uso de robôs. O Observatório dos Direitos Humanos lançou a campanha "Stop Killer Robots", em 2013, para manter humanos responsáveis por decisões letais em uma guerra.
Vale do Silício pela paz
Em 2015, Steve Wozniak e Elon Musk, juntamente com o físico britânico Stephen Hawking e mais de 1.000 pesquisadores de robótica e inteligência artificial, assinaram uma carta aberta avisando que “armas autônomas se tornarão as Kalashnikovs” do futuro.
Segundo o documento, os robôs seriam “ideais para tarefas como assassinatos, desestabilizando nações, subjugando populações e matando seletivamente um determinado grupo étnico.”
Os rifles Kalashnikovs foram usados por militares e grupos armados em diversos conflitos pelo mundo, inclusive em guerras civis e ações terroristas.
Neste ano, o Google também publicou um documento dizendo que não irá desenvolver “armas ou outras tecnologias cujo objetivo principal ou implementação é causar ou diretamente facilitar o dano às pessoas”.