Helicóptero da Nasa se prepara para seu primeiro voo em Marte
Veículo sobrevoará cratera de 500 metros de profundidade onde os cientistas acreditam preservar sinais antigos de vida microbiana
Tecnologia e Ciência|Sofia Pilagallo, do R7*
O helicóptero Ingenuity, da Nasa, a agência espacial norte-americana, que pousou na superfície de Marte junto com o rover Perseverance, em 18 de fevereiro, se prepara agora para o seu primeiro voo. Se conseguir decolar e pairar no ar, mais de 90% dos objetivos do projeto terão sido alcançados e o equipamento se tornará o primeiro veículo a decolar em outro planeta.
Ingenuity sobrevoará a cratera Jezero, que mede 500 metros de profundidade e é repleto de penhascos íngremes, dunas e areia e campos de pedregulho. Os cientistas acreditam que o local, onde existia no passado um antigo lago e o delta de um rio, preserva sinais de vida microbiana antiga — um dos principais objetos de estudo da missão, nomeada Mars Perseverance 2020.
Segundo a Nasa, o helicóptero será lançado "não antes da primeira semana de abril". Para que tudo corra dentro do previsto, o rover Perseverance, que pousou junto ao veículo, precisa deixar a área limpa e segura. A agência espacial também faz o monitoramento do clima para garantir que é seguro levantar voo.
"O clima óbvio no qual estamos interessados poderia ser chamado de Clima Atmosférico, mas também há um tipo diferente de clima com o qual nos preocupamos - o Clima Espacial, que tem a ver com o fato de que o Ingenuity é tanto uma nave espacial quanto uma aeronave", afirmou a Nasa. O clima espacial está ligado à radiação vinda do sol e como isso afeta o veículo, uma vez que tudo em Marte são banhos de raios cósmicos.
Por um lado, o helicóptero não é projetado para lidar com as partículas de alta energia vindas do Sol, o que faz com que a a Nasa tenha que ficar de olho nos eventos climáticos solares, incluindo ejeções de massa coronal. Uma onda de partículas poderia atrasar a operação do veículo por um ou dois dias.
Por outro, a previsão do tempo em Marte é, de certa forma, mais direta do que na Terra, então não há muito com o que se preocupar. A ausência de oceanos leva a um padrão bastante repetível e olhar as previsões do tempo e os dados dos dias que antecederam o voo informa os cientistas sobre as condições do vôo real.
"Estamos em um território desconhecido, mas esta equipe está acostumada com isso", disse MiMi Aung, gerente de projeto do Ingenuity. "Praticamente todos os marcos daqui até o final do nosso programa de demonstração de vôo serão inéditos e terão que ser bem-sucedidos ara que possamos avançar para o próximo."
*Estagiária do R7 sob supervisão de Pablo Marques