Jogador luta com zumbis no hospital em game brasileiro
Em Dead Punch Hospital, boxeador acorda do coma e dá de cara com apocalipse zumbi
Tecnologia e Ciência|Do R7*
Um game brasileiro para smartphones leva gamers a um apocalipse zumbi direto de um hospital. No Dead Punch Hospital, jogo do gênero Beat’em Up, o jogador assume o papel de um boxeador profissional que acorda do coma e dá de cara com milhares de zumbis. O objetivo é derrotar as criaturas pelo caminho e levar Jack até a saída do hospital, passando por 11 fases.
O personagem Jack Punch não tem armas e usa apenas sua habilidade no boxe para se livrar dos zumbis. É possível que alguns se perguntem como é possível matar os mortos-vivos com apenas socos, já que eles tradicionalmente morrem apenas com tiros na cabeça (headshot). Na verdade, eles não morrem. O objetivo é deixá-los atordoados com uma sequência de socos, levá-los a nocaute e depois sair de perto.
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O criador do jogo, Fábio Heberty, explica que sua equipe se preocupou em dar realidade aos obstáculos do boxeador. No começo do jogo, o jogador tem mais dificuldade porque acabou de acordar do coma.
— O personagem fica vulnerável durante um período e, de vez em quando, ele precisa recuperar o fôlego para seguir adiante. Isso exige estratégia porque faz com que o jogador pense mais na hora de dar golpes que gastam muita energia.
Heberty também explicou que o nível de dificuldade aumenta consideravelmente ao longo do game.
— É um jogo bastante desafiador. Tem muitas surpresas ao longo do jogo. Começa pegando leve, mas, conforme vai evoluindo, vai ganhando mais dificuldade. Até a metade pode ser considerado tranquilo, depois começa a ficar bem difícil.
O game está disponível para iOS, Android e Windows Phone.
Anos de investimento
O jogo foi finalizado depois três anos de sacrifícios do analista de sistemas Fábio Heberty, 37 anos. Quando decidiu realizar o sonho de infância de produzir seu próprio jogo, Heberty “arregaçou as mangas” e começou a investir dinheiro do próprio bolso.
— Sempre imaginei que fazer um jogo não fosse fácil, mas sempre temos aquela visão romântica de que vamos ganhar milhões.
No final de 2007, o analista foi em busca de uma pós-graduação em games e diz com orgulho que foi um dos seis alunos que restaram de uma turma de 20.
Ele explica que o personagem Jack Punch foi inspirado em vários personagens, dentre eles, Rocky Balboa, o boxeador interpretado por Sylvester Stallone nos cinemas. Ele também inseriu características femininas no rosto de Jack.
Depois de dois anos investidos na criação do jogo, Heberty conseguiu apoio da empresa desenvolvedora de games Sioux e finalmente conseguiu terminar o projeto, depois de muito tempo e dinheiro da família investido no game.
Heberty conta que não sabia programar e teve a ajuda de um amigo que entendia do assunto para conseguir produzir o jogo. As artes do game foram desenvolvidas com a colaboração de profissionais freelancers. O apoio da empresa de desenvolvimento Sioux foi importante para que o analista de sistemas conseguisse finalizar o jogo.
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Para produzir o game, Heberty estima que tenha gastado cerca de R$ 35 mil. Esse dinheiro saiu de seu próprio orçamento e da ajuda de familiares.
Bom momento para os games
Ex-gerente geral da divisão de games da Microsoft, Guilherme Camargo atualmente é sócio-CEO da desenvolvedora Sioux. Para ele, o mercado de games brasileiro ainda está em construção. Os destaques ficam para parte do conteúdo para tablets e smartphones feitos por desenvolvedores brasileiros e produtos na área educacional.
— As maiores dificuldades de quem quer desenvolver um game é a oportunidade e a monetização. Brasileiro não tem propensão a investir dinheiro em aplicativos comparado com o mercado internacional.
Ele diz que é importante que os desenvolvedores deixem o emocional de lado e pensem na parte de negócios.
A parte de marketing, que costuma ser esquecida pelos desenvolvedores, também faz diferença na hora de fazer com que o sucesso de um jogo não dure apenas 15 minutos. O especialista, entretanto, é otimista e diz que o mercado brasileiro vive um bom momento.
— Sabendo aproveitar, as oportunidades acabam surgindo. O que temos que fazer é quebrar o paradigma de que o game é algo maléfico e não pode ser usado no meio educacional.
* Colaborou Amanda Martins, estagiária do R7