Macacos de Bali roubam celulares em busca de boas recompensas
Segundo pesquisadores, as negociações entre os primatas e os humanos chegam a durar até 25 minutos para que haja a troca
Tecnologia e Ciência|João Melo, Do R7*
Os macacos que vivem no Templo de Uluwatu, em Bali, na Indonésia, são famosos já há algum tempo por roubar pertences de turistas desavisados que passam diariamente pelo local. Contudo, um novo estudo revelou que os animais sabem muito bem o que roubam, e também o que querem em troca para devolver.
De acordo com uma pesquisa feita por pesquisadores da Universidade de Lethbridge, no Canadá, e da Universidade Udayana, na Indonésia, os macacos buscam itens que são mais valiosos para os humanos, como celulares e carteiras, para então receberem comida em troca da devolução.
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Esse fato curioso foi percebido pelos cientistas após eles filmarem por 273 dias, entre 2015 e 2016, as interações entre animais e humanos no templo hindu. E o conteúdo das filmagens mostrou que os animais, depois de roubarem os humanos, só devolveram os objetos após receberem algo com um valor justo em troca.
Segundo o estudo, os macacos mais velhos são também os mais experientes nessa arte da negociação. Os pesquisadores afirmam que eles aprenderam quais são os itens de maior valor para os humanos, como celulares e outros eletrônicos, e a partir disso vão diretamente em cima destes objetos para receber ainda mais comida para devolvê-los.
As negociações duravam alguns minutos, e envolviam sempre o macaco, o turista roubado, e um membro da equipe do templo Uluwatu. A barganha mais longa durou mais ou menos 25 minutos, sendo que 17 deles foram destinados às negociações entre as três partes.
A pesquisa revelou também que tanto o roubo, como a troca, são aprendidos pelos macacos até eles completarem cerca de quatro anos de idade, além destes ensinamentos serem passados ao longo de gerações.
“Esses comportamentos são aprendidos socialmente, e foram mantidos por gerações de macacos por pelo menos 30 anos nesta população”, escreveu no artigo o Dr. Jean-Baptiste Leca, professor do departamento de psicologia da Universidade de Lethbridge.
*Estagiário do R7 sob supervisão de Pablo Marques