Manuscrito de Einstein é leiloado na França por R$ 73,2 milhões
Papéis com rascunhos do que se tornaria a teoria da relatividade foram avaliados com preço de mercado três vezes menor
Tecnologia e Ciência|Do R7
Um dos rascunhos manuscritos da teoria da relatividade geral de Albert Einstein foi leiloado nesta terça-feira (23) por 11,6 milhões de euros (cerca de R$ 73,2 milhões), em Paris, na França.
Em 2018, tinham sido pagos 2,8 milhões de dólares (R$ 15,7 milhões) por uma carta manuscrita de Einstein e em 2017 foi desembolsado 1,56 milhão de dólares (R$ 8,75 milhões) por outra carta na qual ele elucubrava sobre a felicidade.
O documento leiloado nesta terça-feira estava avaliado entre 2 milhões e 3 milhões de euros. Ao contrário das duas cartas precedentes, trata-se de um valioso trabalho científico.
"Trata-se, sem dúvida alguma, do manuscrito de Einstein mais estimado já posto em leilão", havia informado anteriormente a casa de leilões Christie's em um comunicado. O manuscrito, de 54 páginas, foi redigido em 1913 e 1914 em Zurique (Suíça) pelo famoso físico alemão e seu colaborador e confidente, Michele Besso.
Foi graças a esse engenheiro suíço, explicou a Christie's, que "o manuscrito chegou, quase milagrosamente, até nós; Einstein provavelmente não teria se preocupado em conservar o que podia lhe parecer um documento de trabalho".
Após sua teoria da relatividade especial, que o levou a demonstrar em 1905 a fórmula "E=mc²", Einstein começou a trabalhar, em 1912, em uma teoria da relatividade geral.
Essa teoria da gravitação, publicada finalmente em novembro de 1915, revolucionou a compreensão do universo. Einstein morreu em 1955, aos 76 anos, e se tornou um símbolo da genialidade científica bem como uma personalidade pop, com a famosa foto de 1951 em que aparece com a língua de fora.
No começo de 1913, tanto Einstein quanto Besso "começaram a trabalhar em um dos problemas com os quais a comunidade científica levava décadas se confrontando: a anomalia da órbita do planeta Mercúrio", lembrou a Christie's.
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Os dois cientistas solucionaram esse enigma. Mas não o fizeram nos cálculos desse manuscrito, que incluem "vários erros que passaram despercebidos". Quando Einstein os detectou, deixou de se preocupar com o manuscrito, que ficou nas mãos de Michele Besso.
"Os documentos manuscritos científicos de Einstein desse período, mais geralmente, de antes de 1919, são extremamente raros", destacou a casa de leilões.
"Como um dos dois únicos manuscritos de trabalho preservados e que documentam a gênese da teoria da relatividade geral, é um registro extraordinário do trabalho de Einstein e proporciona uma visão fascinante da mente do maior cientista do século XX", acrescentou.
O outro documento conhecido desse período crucial na investigação do físico, chamado de "caderno de Zurique" (do fim de 1912, início de 1913), se encontra nos arquivos Einstein, na Universidade Hebraica de Jerusalém.