Menos de 1% dos celulares contam com proteção eficiente no Brasil
Riscos de uma invasão telefônica são ainda mais danosos quando comparados a um ataque cibernético, alerta especialista
Tecnologia e Ciência|Sofia Pilagallo, do R7*
Menos de 1% dos celulares contam com uma proteção eficiente no Brasil — e a telefonia criptografada é quase desconhecida no país. É o que afirma o especialista em defesa cibernética Augusto Schmoisman, CEO da Citadel Brasil, empresa israelense especializada no assunto.
Schmoisman alerta para o fato de que os riscos de uma invasão telefônica são ainda mais danosos quando comparados a um ataque cibernético. Uma vez que o usuário dispõe de um smartphone não criptografado, sua privacidade fica automaticamente comprometida.
"É como morar em uma casa de vidro. É possível saber onde você está, acessar sua câmera e acompanhar todos os seus movimentos, conscientes e inconscientes. É uma invasão em fim", afirma.
"O tempo médio para alguém tomar consciência de que está sendo monitorado é de aproximadamente 6 meses, algo absurdo se pensarmos na quantidade de informações que um criminoso terá reunido no período. Até a pessoa perceber, o estrago já foi feito", completa.
Segundo o especialista, a criptografia é a prática de codificar dados por meio da aplicação de algoritmos. Isso faz com que as informações do aparelho não tenham mais seu formato original, bloqueando arquivos, dados e qualquer tentativa de acesso que não seja o usuário ou o destinatário da informação. Para criptografar uma mensagem, por exemplo, é necessária uma chave específica para decodificá-la.
"A criptografia transforma informações em códigos", diz. "É como se o usuário estivesse enviando mensagens secretas. Infelizmente, aqui não há muitas empresas que prestam esse serviço e o assunto ainda é desconhecido pela maioria das pessoas."
Schmoisman ressalta ainda que o problema não é restrito apenas a um indivíduo, podendo alcançar também, e sobretudo, as empresas. O risco é preocupante, uma vez que grandes executivos carregam consigo informações confidenciais, segredos industriais, contatos de clientes e fornecedores e muito mais.
"O celular concentra a vida profissional, pessoal, emocional, privada e íntima do indivíduo. As consequências podem ser traumáticas", afirma. "Além do grande prejuízo empresarial, é possível ter acesso às contas bancárias e quaisquer outras informações, dando margem para chantagens que envolvam, até mesmo toda a família da vítima."
Como se proteger?
De acordo com o especialista, existem aplicativos maliciosos que, uma vez instalados, podem coletar todas as informações, tornando-se uma porta de entrada para outros sistemas. A orientação, portanto, é obter detectores de rede que identifiquem ataques com intervenção humana e aplicativos de detecção de comportamentos maliciosos.
"Há soluções que oferecem aos administradores de empresas, por exemplo, um painel que mostra a segurança global de todos os celulares da organização, além de uma análise detalhada de cada usuário e avaliação do estado geral de cada dispositivo", diz.
"Por meio de alternativas como esta, é possível monitorar padrões de uso e níveis de risco, que são apoiados por alertas de segurança e mensagens do sistema. Se não houver segurança dos dispositivos móveis, todas as outras medidas de prevenção perdem força, uma vez que a forma mais fácil de realizar uma invasão é por meio de smartphones", completa.
Schmoisman destaca ainda que baixar aplicativos e autorizar permissões que não são necessárias para o seu funcionamento pode dar brechas para uma invasão. O mesmo acontece ao conectar ou até mesmo carregar o aparelho móvel em redes de wi-fi abertas em aeroportos, cafés ou hotéis.
"Simples atos podem deixar todo o celular vulnerável, possibilitando hackear mensagens de texto, espionar suas redes sociais, rastrear registros de chamadas e contato, rastrear a localização do GPS, histórico de navegação, monitorar e-mails, acessar senhas e muito mais", afirma.
"Por isso, para que tenha o controle da sua privacidade, é essencial proteger-se usando um smartphone que traga segurança e confiança, com criptografia, monitoramento em tempo real para a mitigação de riscos instantânea", completa.
*Estagiária do R7 sob supervisão de Fábio Fleury