Musk pretende amenizar críticas ao Twitter com painel moderador de conteúdo
Usuários temiam que magnata transformasse a rede social em uma arena global para discursos de ódio e desinformação
Tecnologia e Ciência|Do R7
O Twitter tornou-se oficialmente propriedade privada do magnata Elon Musk, um dos críticos mais sinceros da plataforma, levando a rede social a um caminho incerto.
A dúvida rapidamente se voltou para como o aplicativo funcionará sob um autoproclamado absolutista de liberdade de expressão, que alguns usuários temem que transforme o Twitter em uma arena global para discursos de ódio e desinformação.
Em um aceno a essas preocupações, o primeiro "ato político" de Musk foi anunciar no Twitter que ele formaria um "conselho de moderação de conteúdo" que visaria abranger "pontos de vista muito diversos".
"Nenhuma decisão importante sobre conteúdo ou restabelecimento de conta será tomada antes que o conselho se reúna", disse ele nesta sexta-feira (28).
O fechamento do extenuante acordo de 44 bilhões de dólares (cerca de R$ 233 bilhões) com Musk encerrou uma novela de meses de fraude corporativa, que incluiu insultos, ameaças e ações judiciais.
"O pássaro está livre", tuitou o bilionário fundador da empresa de carros elétricos Tesla e pioneiro das viagens espaciais, referindo-se ao logotipo da rede.
O acordo provocou reações contrastantes: o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump (2017-2021) aplaudiu a mudança de liderança da plataforma que bloqueou e suspendeu a conta do republicano, enquanto ativistas alertam para um aumento do assédio e da desinformação.
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Os políticos europeus foram rápidos em afirmar a Musk que o "Velho Continente" tinha regulamentações rígidas para empresas de mídia social.
"Na Europa, o pássaro voará de acordo com nossas regras", tuitou Thierry Breton, comissário de mercado interno da União Europeia.
Musk prometeu voltar a moderar o conteúdo, e espera-se que abra caminho para Trump retornar à plataforma.
"Grande responsabilidade"
Musk teria demitido o CEO do Twitter, Parag Agrawal, e outros altos executivos, embora a empresa não tenha se manifestado sobre um pedido de comentários e Agrawal ainda estivesse listado no cargo em seu perfil no Twitter. Ned Segal, diretor financeiro do Twitter desde 2017, anunciou sua saída.
"Na melhor das hipóteses, [o Twitter] deve democratizar a comunicação e o conhecimento, garantindo a prestação de contas e a distribuição igualitária das informações", disse Segal.
"É uma grande responsabilidade para todos que compartilham o trabalho. Desejo força, sabedoria e previsão", afirmou.
Na sexta-feira, funcionários do Twitter lotaram a sede da empresa, em São Francisco. "Havia mais pessoas no escritório hoje do que eu vi desde a Covid [pandemia]", disse um funcionário sob condição de anonimato.
"Elon trouxe equipes de engenheiros da Tesla para fazer algumas avaliações. Eu ficaria muito surpreso se não houvesse algumas reduções de força de trabalho em breve", afirmou.
Musk, que usa uma combinação do próprio dinheiro, fundos de investidores ricos e empréstimos bancários para financiar o negócio, admitiu que está pagando demais por uma empresa que regularmente registra grandes prejuízos.