NFT: entenda o registro digital que está impactando o mundo da arte
Código permite que compradores sejam proprietários exclusivos de criações artísticas digitais avaliadas em milhões de dólares
Tecnologia e Ciência|João Melo, Do R7*
Nas últimas semanas, artistas e produtores de conteúdo digitais estão ganhando destaque por venderem suas obras de arte, vídeos e músicas através de NFTs, ou Non-Fungible Token (token não-substituível em tradução livre).
De acordo com Arthur Igreja, especialista em tecnologia e segurança digital, esta sigla representa uma espécie de selo de autenticidade digital que garante aos compradores a certeza de que aquela obra virtual pertence somente a uma pessoa, ou seja, a garantia de propriedade.
“O token é uma espécie de assinatura virtual, como se fosse um direito de propriedade digital, um contrato. O 'não fungível' significa que aquilo é um item único, algo que não tem cópia no mundo. Logo, o NFT garante que somente aquele indivíduo possui o item original”, afirma.
A partir do momento que a pessoa adquire um algum item através do NFT, está, na essência, pagando por um código que poderá ser utilizado virtualmente para provar que aquela obra é única e original, segundo o especialista.
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Quando o comprador tem a posse do token ele pode utilizá-lo como bem entender, seja para criar uma coleção com aquelas obras digitais ou até mesmo para guardá-la e, no futuro, revender por um valor mais alto do que foi comprada.
Segundo o especialista, a onda de pessoas vendendo e adquirindo itens através de NFTs com valor muito alto tem relação com um novo entendimento do público em relação ao ambiente virtual.
“As obras colecionáveis não são uma coisa nova, as pessoas mais ricas sempre investiram muito em arte na busca pelo luxo. Mas o entendimento de que o mundo digital não mais é separado do mundo que consideramos real vem fazendo com que os colecionadores sintam-se mais confiantes em comprar esses itens”, destaca.
Artistas e conteúdos em destaque
O especialista em tecnologia afirma que até o momento o artista norte-americano Mike Winkelmann foi o que mais se destacou nesta onda de comercialização de obras através de NFT. No dia 11 de março uma obra de Beeple, seu nome artístico, foi leiloada por US$ 70 milhões (cerca de R$ 389 milhões) na Christie's, uma das casas de leilão mais famosas do mundo.
A venda da criação chamada "Everydays - The First 5000 Days" ("Todos os Dias - Os primeiros 5 mil dias") fez com que Beeple se tornasse um dos três artistas vivos mais valiosos do mundo.
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Além dele, a banda Kings of Leon ganhou destaque por vender versões exclusivas do álbum "When you see yourself”, que foram comercializadas junto a ingressos para os fãs assistirem a um show do grupo na primeira fila. Elas já arrecadaram cerca de US$ 2 milhões (R$ 11 milhões) com as vendas.
Também foram comercializados vídeos exclusivos do jogador de basquete Lebron James, que reproduzem um lance de 10 segundos do astro do Los Angeles Lakers. O conteúdo já rendeu US$ 208 mil (R$ 1,1 milhão)
Sistema blockchain
Muito se pergunta sobre como a pessoa tem a certeza de que aquele selo de autenticidade realmente vai pertencer a ela, e como o comprador vai poder provar isso no caso de algum problema futuro. Para isso, os comerciantes de NFT estão utilizando um sistema conhecido como blockchain (cadeia de blocos, em tradução livre).
O blockchain é uma espécie de livro contábil criado em 2008 para registrar envio e recebimento de bitcoins. O sistema é dividido em blocos muito seguros, uma vez que apresentam códigos com muitas camadas de criptografia.
No caso do NFT, esse livro contábil está sendo usado para armazenar os tokens que garantem a originalidade da obra e indicam que ela é realmente a propriedade de determinado comprador.
"O blockchain é a estrutura montada na internet para manter o registro de transações digitais e a viabilidade dele. Ele é como se fosse um cartório global digital que mantém registros que podem atestar que você realmente é o dono daquele NFT’, ressalta Arthur.
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*Estagiário do R7 sob supervisão de Pablo Marques