O que fazer quando bandidos levam o celular desbloqueado?
Criminosos preferem abordar as vítimas enquanto o aparelho está em uso para ter acesso fácil aos apps de bancos e lojas
Tecnologia e Ciência|Giovanna Orlando, do R7
Usar o celular enquanto caminha pela calçada ou até dentro do carro é algo bem comum, mas que pode oferecer um risco maior no caso de um furtou ou de um assalto. Isso porque os criminosos estão agindo nesses momentos para conseguir levar o aparelho já desbloqueado.
Com o dispositivo em uso, os bandidos não precisam burlar os recursos de segurança ou tentar descobrir a senha de desbloqueio. O acesso está liberado e fica mais fácil entrar em contas de e-mail, aplicativos de compras e, principalmente, nos apps dos bancos.
Quem costuma salvar senhas no bloco de notas, no e-mail ou em conversas em aplicativos de troca de mensagem, facilita ainda mais a ação dos criminosos. Caso eles encontrem essas informações e com o acesso é liberado, são feitas transferências bancárias e compras pela internet.
Fui vítima de roubo. E agora?
Depois de um furto ou de um assalto, a vítima deve agir o mais rápido possível para evitar prejuízos maiores. O diretor executivo do Procon-SP, Fernando Capez, orienta que a primeira medida é apagar todos os dados do aparelho pelos próprios recursos disponibilizados pelo Google e pela Apple aos usuários.
Em seguida, é necessário ligar para a instituição financeira onde a pessoa tem conta e cartões de crédito. No momento em que o banco é notificado de um roubo ou furto de aparelho, ele é responsável por todas as atividades financeiras daquela conta e pode investigar para onde o dinheiro está sendo transferido. Capez recomenda que essa ligação seja gravada e guardada.
O passo seguinte é entrar em contato com a operadora de celular para pedir o bloqueio do chip. Em alguns casos, a recuperação de senhas de aplicativos e bancos pode ser feita por meio de mensagens de texto e é essencial garantir que elas não cheguem ao aparelho roubado.
Por fim, fazer um Boletim de Ocorrência. "O Procon também auxilia na hora do preenchimento da denúncia e agiliza o acesso à polícia", diz o diretor.
A responsabilidade dos bancos
Segundo os especialistas, o banco só terá que arcar com o reembolso do cliente caso seja comprovado que houve uma falha na segurança do aplicativo. Quem mantem as senhas salvas no próprio aparelho não consegue provar ao banco que foi vítima da ação de criminoso e nao consegue recuperar as quantia perdidas.
“Só existe golpe se houver a quebra da barreira de segurança do aplicativo. O crime por si só não é um golpe”, explica o advogado de Direito Digital e Direitos do Consumidor, Marco Antônio Araújo Júnior. “O banco não tem responsabilidade pela falta de segurança do cliente. Se o acesso acontecer e o criminoso encontrar a sua senha no bloco de notas, o banco pode não se responsabilizar.”
Em nota, a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) assegura que “os aplicativos dos bancos contam com o máximo de segurança em todas as suas etapas, desde o desenvolvimento até a sua utilização”.
Entretanto, a instituição financeira é responsável por tudo o que acontece na conta da vítima depois de ter sido notificado do crime. “No momento em que o banco toma ciência disso, ele pode bloquear as operações”, explica o advogado.
A instituição também pode tentar descobrir quem invadiu a conta de uma vítima. “É possível verificar quem realizou esse acesso através de um procedimento interno de autoria e identificar o IP usado”, disse o advogado.
Como me proteger?
Existem algumas estratégias que os usuários podem tomar para aumentar a segurança nos aplicativos e no próprio aparelho. A Febraban recomenda que a senha usada no aplicativo do banco seja exclusiva e que não deve ser a mesma usada em outros sites e apps, além de jamais anotá-la em blocos de notas, e-mails ou em mensagens.
O Diretor de Segurança da Informação da Claranet, Gustavo Henrique Duani, recomenda ainda o uso de aplicativos que peçam autenticação em dois fatores, seja por meio do envio de novas senhas antes do acesso, leitura de digitalou íris. Há também a possibilidade de contratar aplicativos terceiros de segurança e reforçar o acesso em alguns aplicativos.
O especialista em tecnologia afirma que, apesar dos riscos, os aplicativos de banco são seguros. “Eu acredito que eles sejam mais seguros do que o acesso pelo computador, já que possuem mais possibilidade de proteção e habilitam duplo fator de autenticação.”
Criar senhas longas, com 8 ou 12 dígitos, e usar números, caracteres especiais e letras maiúsculas também ajudam a tornar a senha mais forte. Também é primordial que elas sejam aleatórias e não nomes de pessoas próximas, datas de nascimento ou até o apelido do seu bichinho de estimação, já que os criminosos conseguem ter acesso a suas informações pessoais, também.