Pesquisadores criam sistema capaz de 'ler mentes'
Tecnologia avançada de interface cérebro-computador utiliza sinais do cérebro para gerar imagens do que o usuário está pensando
Tecnologia e Ciência|Sofia Pilagallo, do R7*
Pesquisadores da Universidade de Helsinque, na Finlândia, criaram um sistema baseado em inteligência artificial (IA) que utiliza sinais do cérebro para gerar imagens do que o usuário está pensando. Os resultados foram publicados no início deste mês na revista científica Scientific Reports.
A tecnologia consiste em um nível avançado do que os cientistas chamam de interface cérebro-computador (BCI, na sigla em inglês). Até o momento, as abordagens que tentam "ler a mente" têm sido capazes de, na melhor das hipóteses, distinguir os pensamentos entre categorias diferentes, como animais ou edifícios, em vez de decifrar o conteúdo da mente diretamente dos sinais cerebrais associados aos processos de pensamento.
Para contornar essa dificuldade, os cientistas desenvolveram uma nova abordagem de modelagem, intitulada gerativa neuroadaptiva.
Baseada em três princípios – gerar, perceber e adaptar –, a modelagem gerativa neuroadaptativa constroi um "modelo de intenções" a partir de hipóteses geradas por um computador. À medida em que as hipóteses são apresentadas ao usuário, a atividade cerebral associada à hipótese é usada para atualizar um modelo das suas intenções. Por fim, após várias observações das reações do usuário às amostras geradas, o modelo de intenção converge para um estado que corresponda ao alvo mental do usuário.
"Até onde sabemos, este é o primeiro estudo a usar a atividade neural para adaptar um modelo de computador gerador e produzir novas informações que correspondem à intenção de um operador humano", afirmou a equipe.
Segundo o instituto de pesquisa Grand View Research, o mercado mundial de interface cérebro-computador deve crescer nos próximos sete anos a uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 15,5% para atingir US $ 3,7 bilhões (aproximadamente R$ 20,8 bilhões) em receitas até 2027.
Acredita-se que avanços na área podem um dia ajudar a tratar uma variedade de distúrbios e doenças cerebrais, como demência, epilepsia, paralisia, doença de Alzheimer, doença de Parkinson e distúrbios do sono.
*Estagiária do R7 sob supervisão de Pablo Marques