Plásticos poluentes se tornam casas ecológicas no México
Uma casa deste material é também 30% mais econômica em comparação às convencionais e requer manutenção mínima
Garrafas, tampas e sacolas plásticas se transformam em paredes e tetos de casas ecológicas com um projeto desenvolvido em Jalisco, no região oeste do México, que quer contribuir para diminuir a quantidade de resíduos no mar.
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De acordo com o engenheiro Ramón Espinosa, o lixo plástico que vai parar em mares e rios pode ter um destino mais amigável e servir como casa que, além de econômica, é resistente a terremotos, tem propriedades térmicas e não se degrada como as convencionais.
Este tipo de casa é possível graças à elaboração da "madeira plástica", um material feito à base de vários polímeros e que foi idealizado por Espinosa como uma forma de amenizar a poluição plástica gerada por famílias e indústrias.
"É uma proposta de solução para poder reverter a situação que atualmente vivemos em diversas partes do mundo. É uma proposta saudável, sustentável, ecológica e pode ser usada em qualquer âmbito da sociedade", disse à Agência Efe o criador do conceito e diretor da Ecoplástico Ambiental.
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Desde que era aluno de mestrado em Energias Renováveis, há pouco menos de dez anos, Espinosa queria criar um material que fosse resistente, abundante e não afetasse o meio ambiente. O plástico foi uma boa opção pois, longe de ver seu consumo diminuir em nível mundial, naquele momento só aumentava.
O resultado de anos de testes com diferentes polímeros é a "madeira plástica", uma lâmina altamente resistente, obtida de plásticos comuns moídos. Todos esses elementos são tratados e fundidos em máquinas especiais.
Após esse processo, o que surge é uma placa colorida, lisa e capaz de suportar toneladas de peso ou de ser modificada conforme as necessidades da casa desejada. Podem ser agregados ainda elementos tão luxuosos quanto a pessoa e o bolso dela quiserem, segundo Espinosa.
O engenheiro explicou que, embora feito com plásticos, o material demora a aquecer, razão pela qual as paredes mantêm o ambiente fresco dentro da casa, o que evita o uso de ventiladores e ar-condicionado que geram mais gases causadores do efeito estufa.
Uma casa deste material é também 30% mais econômica em comparação às convencionais e requer manutenção mínima.
De acordo com o criador, uma construção pequena, para duas ou três pessoas, pode demorar quatro semanas para ficar pronta, pois não requer estrutura interna e só uma base de concreto. A mistura do material reciclado só é evidente em áreas como banheiro e quarto, onde a textura e as cores naturais da placa servem de decoração.
A casa é habilitada para serviços básicos, como os de água, luz e gás, de forma muito parecida com a de uma convencional, e pode inclusive receber painéis solares.
"É inovadora pelos materiais usados na fabricação. Uma casa deste tipo é mais econômica em comparação aos materiais convencionais que conhecemos e é muito mais rápida de ser erguida", salientou.
Espinosa e sua equipe desenvolveram outras formas de aproveitar este material e produzem também mobiliários urbanos, como bancos, mesas e postes para jardins. O material serve ainda para fazer carrocerias de caminhão, guaritas de segurança e salas de aula.
"Podemos fazer muros e podemos fazer tetos. A placa tem uma grande diversidade de uso. Não estamos brigando com materiais convencionais, como aço, madeira e adobe. A intenção é combiná-los", afirmou.
O tempo que o plástico leva para se degradar no ambiente - fato que o torna uma ameaça para o planeta - é, neste caso, a maior vantagem do produto, segundo Espinosa.
"Quem construir uma casa de plástico sabe que demorará pelo menos 150 anos para ela se desfazer", ressaltou.
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