A Binance, a maior plataforma de criptomoedas do mundo em termos de volume, anunciou nesta sexta-feira (7) que havia sido hackeada e avaliou a escala do roubo em cerca de 100 milhões de dólares (aproximadamente R$ 520 milhões). De acordo com a Binance, os hackers conseguiram retirar um total de 2 milhões de BNB, a criptomoeda emitida pela Binance, ou cerca de 580 milhões de dólares (mais de R$ 3 bilhões) durante esta sexta-feira. No entanto, eles só conseguiram explorar uma fração do valor, uma vez que a maior parte da quantia foi imediatamente bloqueada. "Conseguimos limitar os danos a menos de US$ 100 milhões", disse o chefe da Binance, Changpeng Zhao, mais conhecido pelo pseudônimo CZ, à rede CNBC. No início do dia, ele tentou tranquilizar a comunidade de usuários da plataforma no Twitter, em que tem 7 milhões de seguidores: "O problema agora está sob controle", garantiu. "Seus fundos estão seguros. Pedimos desculpas pela inconveniência e forneceremos mais atualizações", acrescentou CZ. Em um post no site Reddit, a Binance também esclareceu que, do valor total efetivamente roubado, cerca de US$ 7 milhões (aproximadamente R$ 36 milhões) foram congelados. Os hackers atacaram a ponte de cadeia cruzada SC Token Hub. Uma ponte é um serviço que permite a um usuário transferir tokens criptográficos de um blockchain para outro. A blockchain BSC (Binance Smart Chain), à qual a ponte visada pelos hackers está conectada, foi suspensa após o ataque, antes de ser restaurada, algumas horas depois. Os ataques informáticos contra pontes entre cadeias se multiplicaram nos últimos meses. Em agosto, hackers roubaram o equivalente a US$ 190 milhões (mais de R$ 990 milhões) ao explorar uma falha na Nomad. De acordo com a Chainanalysis, 2 bilhões de dólares (mais de R$ 10,4 bilhões) foram roubados por meio de 13 ataques hackers a pontes cruzadas entre janeiro e agosto. Essas investidas representam 69% dos roubos de criptomoedas em 2022, indica Chainanalysis. A Elliptic, outra empresa de analistas de criptomoedas, observou, no relatório trimestral sobre ataques hackers divulgado nesta semana, que as pontes "tendem a acumular grandes quantidades de ativos bloqueados em muitas blockchains, muitas das quais podem não ter segurança avançada ou cultura de auditoria devido à sua relativa obscuridade". Isso torna as pontes "um alvo atraente para os cibercriminosos", acrescenta a Elliptic. Especialistas estimam que as pontes são particularmente visadas por hackers ligados a grupos terroristas ou regimes ditatoriais, que incluem a Coreia do Norte.