Primeiro satélite 100% brasileiro é lançado neste domingo (28)
Objetivo da missão Amazônia é monitorar desmatamento no Norte do país e a agricultura em todo o território nacional
Tecnologia e Ciência|Sofia Pilagallo, do R7*
Este domingo (28) será um dia histórico para a astronomia brasileira com o lançamento do primeiro satélite 100% nacional, o Amazônia-1. O foguete indiano PSLV-51 que levará o equipamento para o espaço partirá do Centro Espacial Satish Dhawan, em Sriharioka Andhra Pradresh, na Índia, às 1h54 (horário de Brasília).
Atualmente, outros dois satélites brasileiros de sensoriamento remoto já estão em operação: o CBERS-4 e o CBERS-04A, lançados em 2014 e 2019, respectivamente. Diferentemente do Amazônia -1, no entanto, ambos os equipamentos de exploração espacial foram desenvolvidos em parceria com a China, em uma proporção de 50% para cada país.
"O Amazônia-1 é o primeiro satélite exclusivamente brasileiro, tendo sido integralmente concebido, projetado, desenvolvido, integrado, testado, e em breve, operado pelo Brasil", afirma a diretora substituta do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Mônica Rocha.
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"A importância do feito passa por duas principais questões: a capacidade do Brasil de realizar uma importante tarefa de forma totalmente autônoma e de ter o domínio do ciclo completo de produção de um satélite desse porte — 640 quilos e 2,5m de altura —, o que coloca o país em um grupo de menos de 20 países com essa competência", completa.
Isso inclui integrar, testar e acompanhar o lançamento, realizar as manobras iniciais para o posicionamento do Amazônia-1 na órbita correta, verificar o funcionamento adequado de todos os equipamentos e subsistemas, realizar a operação durante a vida do útil do satélite — que é de pelo menos quatro anos — e, por fim, promover sua retirada de órbita, ao término da missão.
Objetivo e metodologia
A importante tarefa do novo satélite é monitorar desmatamento na região amazônica e o desenvolvimento da agricultura em todo o território nacional. Para isso, o equipamento de exploração espacial será colocado em uma órbita sol-sincrona — isto é, que permite passagens sucessivas sobre o mesmo ponto da Terra à mesma hora solar — a uma altura de 760km e cruzará a Linha do Equador no sentido Norte-Sul às 10h30 do horário local, viajando a uma velocidade de quase 27 mil quilômetros por hora.
A essa velocidade, o satélite levará apenas cem minutos para dar uma volta na Terra, permitindo com que ele obtenha imagens de qualquer ponto do planeta a cada cinco dias. Conjuntamente, o CBERS-4 e CBERS-04A irão promover imagens recorrentes do território brasileiro a cada dois ou três dias.
"Os dados estarão disponíveis gratuitamente para a comunidade científica, órgãos governamentais, empresas e quaisquer usuários interessados em uma melhor compreensão do ambiente terrestre", diz.
Mônica ressalta que, em razão da política brasileira de livre distribuição de imagens de satélites, que vem sendo praticada desde o início dos anos 2000, o Brasil é hoje um dos maiores distribuidores de imagens de satélites do mundo.
Como funciona o satélite?
Segundo a diretora do Inpe, um satélite é composto de duas partes fundamentais: o módulo de serviço, que fornece as condições para a operação em órbita, e o módulo de carga útil, que realiza a missão. No caso do Amazônia-1, o módulo de serviço é a Plataforma Multimissão (PMM), que vem sendo desenvolvida desde 2001.
A PMM tem esse nome porque consiste em um módulo de serviço projetado para se adequar a diferentes configurações de cargas úteis, permitindo economias de prazo e custos no desenvolvimento de futuros satélites.
"No módulo de carga útil, temos a câmera óptica WFI, um subsistema de gravação das imagens geradas pela câmera e um subsistema para a transmissão desses dados para as estações de recepção em solo", afirma. "Trata-se, portanto, de um sistema complexo, estabilizado em três eixos, com uma câmera óptica com excelente qualidade geométrica e radiométrica, desenvolvida única e exclusivamente pela indústria nacional."
*Estagiária do R7 sob supervisão de Pablo Marques