Rãs fêmeas se fingem de mortas para evitar sexo indesejado, diz estudo
Machos da espécie 'Rana temporaria' podem forçar a cópula com parceiras, que utilizam algumas táticas para escapar
Tecnologia e Ciência|David Plassa, do R7
As fêmeas da rã-comum (Rana temporaria) são capazes de se fingir de mortas para evitar o sexo com machos indesejados. Ao menos é o que mostra uma pesquisa promovida pelo Museu de História Natural de Berlim, na Alemanha.
Como ocorre com muitos anfíbios, a ligação reprodutiva entre os gêneros é feita por meio do amplexo, o abraço nupcial. No entanto, para concretizar o acasalamento, alguns indivíduos intimidam, assediam ou forçam o sexo com a parceira.
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Segundo artigo publicado no jornal acadêmico Royal Society Open Science, elas "não são passivas como se pensava anteriormente".
No texto, a doutora Carolin Dittrich e o doutor Mark-Oliver Rödel relatam que, em diversas caixas, foram colocadas uma rã macho com duas fêmeas, uma grande e outra menor. A partir daí, foi feito um registro em vídeo do comportamento reprodutivo da espécie.
Das 54 fêmeas disponíveis, 83% tentaram girar o corpo quando agarradas e 48% emitiram chamados de liberação — grunhidos e guinchos, enquanto também tentavam se soltar. Já 33% utilizaram a técnica da imobilidade tônica, com rotação, enrijecimento e extensão das patas, numa pose que lembra um animal morto. Devido ao maior estresse que sofrem, as fêmeas menores tendem a empregar com mais frequência todas as três estratégias citadas.
De volta ao fenômeno da imobilidade, ele já havia sido observado antes: "Encontrei um livro escrito em 1758 por Rösel von Rosenhoff que descreve esse comportamento, que nunca mais foi mencionado", disse Dittrich, conforme reportado pelo jornal britânico The Guardian.
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Ainda assim, os autores do estudo reconhecem que os comportamentos observados podem não ter apenas a finalidade de fuga, mas também seriam uma forma de testar a força e a resistência do macho — que, se bem-sucedido, consegue manter rivais afastados para evitar as chamadas bolas de acasalamento, quando vários indivíduos se prendem a uma parceira.
Sendo assim, os acadêmicos sugerem que pesquisas futuras deveriam ter amostras maiores para análises mais conclusivas.