Redes sociais precisam assumir sua responsabilidade no combate à violência e à exaltação de crimes
Plataformas digitais espalham o medo, o pânico, dão voz a criminosos e funcionam como palco para mentes doentias
Tecnologia e Ciência|Marco Antonio Araujo, Do R7
Causou espanto e indignação a postura da advogada do Twitter na reunião desta segunda (10) convocada pelo Ministério da Justiça e que reuniu representantes das principais plataformas digitais. Soou como absurdo, mas a empresa de Elon Musk considera que uma conta com foto de assassinos de crianças não viola "os termos de uso" da plataforma.
A aberração de permitir a exaltação de maníacos é evidente. Ao menos, mostra a necessidade urgente de as redes sociais entenderem de forma definitiva que são agentes da propagação de mensagens de ódio e estimulam — por negligência assumida e ganância por viralizações — ataques a escolas e a morte de crianças, entre tantas outras atrocidades.
O pânico que assaltou pais, professores e alunos nas últimas semanas só se justifica porque a apologia de psicopatias tem ampla ressonância na internet, não só a profunda, mas de forma geral. Até o momento, pelas estatísticas, as escolas deveriam continuar sendo vistas como local de acolhimento, socialização e estudo. Ainda estamos longe de nos comparar à epidemia de ataques e massacres que caracterizam os EUA.
Mas, para que a paz e a sensação de segurança retornem às salas de aula, as big techs precisam assumir suas responsabilidades — que são muitas. Espalham o medo, dão voz a criminosos, funcionam como palco e plateia para mentes doentias e extremamente perigosas. Matam.
As plataformas digitais precisam abrir mão de seus lucros astronômicos construídos em cima da degradação social e da violência entre as pessoas. O Twitter é considerado a mais tóxica das redes sociais. Mas as outras também cultivam o confronto destrutivo e a banalização da vida e da morte.
Chegou a hora de essas corporações arrogantes e intransigentes se submeterem às necessidades da sociedade e às regras da lei. É a hora de dar um basta. Não podemos perder essa oportunidade.