TikTok instruiu a não promover vídeos de usuários ‘feios' e pobres
Documentos sobre as políticas de conteúdo do aplicativo apontam que existia uma tentativa de embelezamento para atrair novos usuários
Tecnologia e Ciência|Guilherme Carrara, do R7*
A rede chinesa TikTok é a que mais cresce entre os jovens e, no último mês, alcançou a marca de segundo aplicativo mais baixado, perdendo apenas para o Facebook. Nesta semana, documentos obtidos pelo site Intercept apontam que a rede instruía moderadores a suprimir criadores de conteúdo que fossem “feios”, pobre e deficientes para atrair mais usuários.
O mesmo documento revela que a plataforam também censurava discursos de cunho político e que “ferissem a honra nacional”.
As políticas adotadas pelo Tik Tok apontavam especificamente que os moderadores evitassem promover conteúdo com “tipos não convencionais de corpo, gordinhos, barriga perceptível, obesa ou muito magra”.
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Os moderadores não têm o direito de remover conteúdo, mas têm o poder de boicotar e usar os algoritmos para tornar conteúdos menos visíveis ao público em geral. A página que os moderadores podem interferir em maior parte é a inicial do aplicativo, com o nome de “Para você”. Lá são recomendados os melhores vídeos para os usuários.
Conteúdo “menos chiques ou não apelativos”
Segundo os documentos obtidos, os moderadores foram orientados a proibirem a divulgação de “pessoas feias, com boca torta, problemas nos olhos, falta de dentes frontais, e deformações faciais.”
O documento continua citando que deficientes não devem ser alavancados e que os boicotes não estão limitados apenas a pessoas com acromegalia ou nanismo.
Foi relatado também que a plataforma se preocupava diretamente com discursos dos usuários. Dentro das livestreams do TikTok, os usuários podiam ser punidos com um dia de suspenção se difamassem pessoas, religiões e políticos.
A ByteDance, responsável pela plataforma, adotou essa política para não mostrar conteúdos “menos chiques ou não apelativos” e assim atrair novos usuários para a rede, que cresce exponencialmente nos últimos 4 anos.
Resposta do TikTok
Procurado pelo R7, o TikTok respondeu que as declarações publicadas pelo site Intercept já tinham sido vazadas pelo jornal britânico The Guardian e também pelo Netzpolitik no ano passado. Entretanto, a matéria publicada nesta semana afirma que as políticas estavam em uso até o final de 2019.
“As políticas e guias publicadas pelo Intercept não estão mais em uso e já não estamos mais ativas quando o jornal conseguiu as informações”.
O Tik Tok declara também essas diretrizes nunca entraram em ativa nos Estados Unidos e eram direcionadas ao público asiático. “Como todas as plataformas, temos políticas para proteger nossos usuários, e proteger a política nacional”, afirmou a empresa em resposta ao Intercept.
*Estagiário R7 sob supervisão de Pablo Marques
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