UFRJ fará busca ativa para novo acervo do Museu Nacional
Em coletiva, diretor do Museu afirmou que é possível que algo tenha sido preservado entre os escombros
Tecnologia e Ciência|Da Agência Brasil
O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, disse nesta quinta-feira (6) que tem solicitado aos museus internacionais e governos, que prestaram solidariedade após o incêndio de domingo, que ajudem na recomposição do acervo da instituição. Em coletiva com o reitor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Roberto Leher, Kellner afirmou que as ajudas estão aparecendo.
“Têm vários governos e museus interessados em ajudar. Quando me perguntam: ‘o que a gente pode fazer’? Eu digo: ‘acervo’”, disse o diretor.
De acordo com Kellner, os governos da Alemanha, da França, de Portugal e da Áustria manifestaram intenção de apoiar o museu.
“Parte da história do Brasil está aqui, mas também a história de Portugal e da Áustria está de alguma forma vinculada, por causa da família imperial. Eles têm o máximo interesse em nos ajudar e toda a boa vontade”, disse.
Segundo o reitor Roberto Leher, a universidade criou uma comissão com especialistas do museu que ficará encarregada das relações internacionais com museus, ministério das Relações Exteriores e setor acadêmico mundiais. Ele disse ainda que as doações deverão estar enquadradas nos objetivos do Museu Nacional.
“Queremos ter uma busca ativa de acervos, não é só aguardar acervos”, afirmou.
Recuperação do acervo
Sobre a possibilidade de recuperação do acervo físico destruído pelo incêndio, Kellner disse que ainda não há estimativa, mas que é possível que algo tenha sido preservado entre os escombros.
“Eu não sou otimista, mas estou animado. O fato de ter paredes que desabaram pode proteger um pouco o material. Eu já estive lá dentro, abri algumas gavetas e fiz alguns sorrisos”, adianta.
Segundo Kellner, o museu já está em contato com pesquisadores para ver o que é possível recompor de outras formas.
“Acervo digital em certos aspectos é bom. Estamos contatando colegas, pesquisadores. Com relação às línguas indígenas, por exemplo, há alguns documentos que a gente possa recuperar”.
Segundo o reitor, o objetivo é colocar o Museu Nacional como um dos grandes museus do século 21 na América Latina e no mundo, projetando as instalações para este propósito, ao contrário do prédio original, e utilizando tecnologia e materiais adequados.
“Nós temos certeza que vamos fazer um museu que vai engrandecer e resgatar os 200 anos no Museu Nacional e, ao mesmo tempo, projetar a instituição para o século 21 e para o século 22”.
Como ajudar o museu
O Museu Nacional publicou nesta quinta opções para aqueles que desejam ajudar a instituição. As opções vão desde cadastro de voluntários, a envio de fotos e doação em dinheiro. Segundo o diretor, o mais importante é não deixar o fato cair no esquecimento.
“As pessoas realmente querem ajudar, se sensibilizaram com o que aconteceu, têm um sentimento de pertencimento ao museu, as pessoas gostam do museu, tem uma memória afetiva. Um dos pontos mais importantes para a gente é não deixar morrer essa ideia, não deixar entrar para o esquecimento essa situação que a gente está vivendo aqui. Nós já perdemos parte do nosso patrimônio, não podemos permitir que o Brasil perca parte de sua história. Então esse palácio tem que ser preservado da melhor forma possível”.
Leher reiterou que o local é uma instituição de pesquisa e descartou a transferência da gestão para outra instituição ou mesmo a privatização.
“Aqui, nós temos as nossas interações com a geologia, com a genética, com os estudos da biodiversidade, com diversas áreas do conhecimento e é absolutamente impossível separar o museu da UFRJ, seria como retirar o fígado, o baço e o coração de um ser vivo. O museu não é passível de ser desmembrado”.
O reitor destacou, no entanto, que a universidade está aberta ao diálogo com “setores empresariais que tenham uma visão mais generosa em relação à cultura” e que queiram fazer doações e parcerias para desenvolver projetos.
Pela manhã, ocorreu uma plenária em apoio ao Museu Nacional e à UFRJ na Quinta da Boa Vista, com a participação de representantes de diversas instituições de ensino e de pesquisa, estudantes, trabalhadores e professores. Foi montado um varal com moções de apoio recebidas após o incêndio de diversas partes do mundo.