Vazam gravações de conversa do dono do Facebook com funcionários
Mark Zuckerberg fez comentário sobre questões de segurança, concorrência, relação com as autoridades e sobre o polêmico papel dos moderadores
Tecnologia e Ciência|Pablo Marques, do R7
Os áudios gravados durante uma conversa do dono do Facebook, Mark Zuckerberg, com os funcionários da rede social foram vazados nesta terça-feira (1º) pelo site The Verge.
Em sua própria conta do Facebook, Zuckerberg publicou um post dizendo que conversas como a que foi gravada ocorrem semanalmente dentro da empresa. O conteúdo publicado tem duração de duas horas de duração e foi captado no mês de julho deste ano.
As falas do executivo são sobre questões de segurança na plataforma, a concorrência, a relação com as autoridades públicas e sobre o polêmico papel dos moderadores de conteúdo.
Desmembramento do Facebook
A senadora democrata Elizabeth Warren havia defendido publicamente que o Facebook e suas demais empresas deveriam ser separados. Isso faria com que WhatsApp e Instagram, por exemplo, fossem tratadas de maneira idependente. Sobre essa proposta, Zuckerberg fez o seguinte comentário:
"Você tem alguém como Elizabeth Warren que acha que a resposta certa é desmembrar as empresas. Se ela for eleita presidente, eu apostaria que teremos um desafio legal, e apostaria que venceríamos. E isso ainda é ruim para nós? Sim. Mas não quero ter um grande processo contra nosso próprio governo. Essa não é uma posição em que você quer estar, mas nos preocupamos com o nosso país e queremos trabalhar com o nosso governo e fazer coisas boas. Mas veja, no fim das contas, se alguém tentar ameaçar algo tão existencial, você vai para o tatame e luta"
Zuckerberg completou dizendo que o desmembramento não iria resolver problemas, inclusive nas concorrentes Google e Amazon. Ele ressaltou que a medida não tornaria menos provável uma interferência eleitoral e defendeu que a medida podeira tornar isso mais provável pela dificuldade de um trabalho conjunto.
Investimentos em segurança
Os escândalos de vazamento de dados do Facebook reforçam a desconfiança sobre a capacidade da empresa de proteger as informações de seus usuários. Questionado sobre esse risco, Zuckerberg aproveito para fazer um comentário ácido sobre o Twittert:
“Eles enfrentam, qualitativamente, os mesmos tipos de problemas. Mas eles não podem investir. Nosso investimento em segurança é maior que a receita total de sua empresa"
Disputa com o Tik Tok
Zuckerberg comentou também sobre as novas inciativas para disputar mercado com plataformas concorrentes, como o Tik Tok. A rede social de compartilhamento de vídeos curtos do Facebook é o Lasso
"Temos um produto chamado Lasso que é um aplicativo independente em que estamos trabalhando, tentando ajustar o mercado do produto em países como o México ... Estamos tentando primeiro ver se conseguimos fazê-lo funcionar em países onde o TikTok está ainda não é grande antes de competirmos com o TikTok nos países em que são grandes ".
Presença em audiência pública
O dono da rede social participou de audiência nos EUA e na Europa para esclarecer às autoridades os casos de vazamentos e uso irregular de dados dos usuários. A participação desses compromissos para responder perguntas sobre o funcionamento do Facebook também foi abordada pelo funcionário. No áudio, Zuckerberg afirma não fazer sentido a sua participação nessas audiências:
"Não vou a todas as audiências em todo o mundo. Muitas pessoas diferentes querem fazer isso. Quando surgiram os problemas no ano passado em torno da Cambridge Analytica, fiz audiências nos EUA. Fiz audiências na UE. Simplesmente não faz sentido para mim ir a audiências em todos os países que querem que eu apareça. "
O executivo argumenta que as audiências públicas não são tão efetivas quanto as discussões privadas nas quais participa. Seria nessas mesas de reunião onde os detalhes sobre segurança na plataforma abordados mais profundamente.
Moderação de conteúdo
Nos últimos meses, o papel dos funcionários que fazem o monitoramento do conteúdo publicado pelos perfis do Facebook foi descoberto pela imprensa. A tarefa de acompanhar tudo o que está na plataforma e decidir qual conteúdo deve ser retirado do ar teria trazido consequência negativas para a saúde de quem atua nessa área.
"Algumas reportagens são um pouco exageradas, eu acho. Elas parecem vasculhar e até entender o que está acontecendo, mas parecem apenas ver o lado terrível das coisas o dia todo. Existem coisas muito ruins com as quais as pessoas precisam lidar, de fato, e temos que garantir que as pessoas recebam o aconselhamento, o espaço e a capacidade certas de fazer pausas e obter o apoio à saúde mental de que precisam. É algo realmente importante"