Vegetação na Antártida aumenta mais de dez vezes em 35 anos devido ao aquecimento global
Elevação da temperatura ocorre mais rápido no continente e, aliada ao derretimento das geleiras, torna ambiente propício para disseminação de musgo em rochas
Tecnologia e Ciência|Camila Quaresma
Um estudo publicado na revista Nature Geoscience, baseado na análise de imagens do Landsat, um programa de satélites de observação da Terra, mostrou que o aparecimento de áreas verdes na Antártida, no polo sul, cresceu mais de dez vezes nos últimos 35 anos.
Segundo os pesquisadores, isso se dá pelo aumento significativo da temperatura global, mas principalmente nas regiões da Antártida Ocidental e península Antártica, onde o aquecimento ocorre muito mais rápido do que a média mundial causado pela crise climática. A chegada de mares abertos em volta da península também pode trazer um clima mais úmido.
Para os cientistas, a temperatura mais amena torna o lugar propício para a instalação de musgos que podem colonizar rochas nuas e criar base de solos que favorecem o crescimento de outras plantas, neste caso, espécies invasoras.
Os pesquisadores observaram que ecossistemas dominados por musgo avançaram consideravelmente a partir de 2016 e em 2021 chegaram a preencher 12 km² do território. Segundo as imagens, em 1986 havia menos de 1 km² de vegetação.
Segundo a pesquisa, a aceleração na propagação dos musgos a partir de 2016 coincide com o início de uma diminuição acentuada na extensão do gelo marinho ao redor da Antártida. Eles ainda ressaltam que as geleiras já perderam cerca de 90% de massa desde a década de 1940.
De acordo com o estudo, a tendência é de que o aquecimento continue aumentando, fazendo com que as áreas verdes nesses extremos gelados continuem crescendo. O alerta que eles fazem é esta vegetação invasora pode afetar o funcionamento do ecossistema e resultar em um esverdeamento generalizado em regiões frias.
“Os musgos são capazes de colonizar superfícies rochosas nuas e fornecem a base para o futuro desenvolvimento do solo como substrato para a consolidação de ecossistemas dominados por musgos, bem como a colonização por plantas superiores [...] Espera-se que isso continue em cenários futuros de aquecimento e resulte em esverdeamento generalizado em regiões frias”, diz o estudo.
Também foi relatado o crescimento de áreas verdes no Ártico, no polo norte, e, em agosto de 2021, chuva caiu no pico mais alto da Groenlândia pela primeira vez na história.