Cientistas detectam pulsos profundos da Terra sob a África
Cientistas coletaram mais de 130 amostras de rochas vulcânicas na Etiópia; trabalho explica o aumento da atividade sísmica na região
Internacional|Do R7

Pesquisadores da Universidade de Southampton, no Reino Unido, identificaram pulsos rítmicos de rocha derretida do manto da Terra subindo sob a região de Afar, na Etiópia. A descoberta revela que o continente africano está sendo lentamente fragmentado por movimentos internos do planeta e pode estar no início da formação de um novo oceano, segundo o estudo.
Publicado na revista Nature Geoscience, a pesquisa mostra que esses pulsos de rocha quente sobem das profundezas do manto terrestre como batimentos, influenciados diretamente pela movimentação das placas tectônicas. A região de Afar é uma área geologicamente ativa, onde três grandes falhas tectônicas se encontram. São elas: o Rift Etíope Principal, o Rift do Mar Vermelho e o Rift do Golfo de Aden.
A principal autora do estudo, Emma Watts, explicou que o manto abaixo de Afar apresenta uma “atividade pulsante”, com padrões químicos distintos nos fluxos ascendentes. Esses materiais derretidos são canalizados por zonas de fenda na crosta, o que pode explicar a concentração de vulcões e tremores na região.
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Os cientistas coletaram mais de 130 amostras de rochas vulcânicas na Etiópia e utilizaram modelagens estatísticas avançadas para analisar a composição da crosta e do manto. Eles identificaram que os pulsos de magma formam padrões químicos repetidos, semelhantes a códigos de barras, cuja frequência varia de acordo com a espessura das placas tectônicas e a velocidade com que elas se separam.
Segundo Tom Gernon, coautor do estudo, os dados sugerem que esses pulsos se comportam de maneira semelhante aos batimentos cardíacos. Em áreas onde a crosta se separa mais rapidamente, como no Mar Vermelho, os pulsos são mais regulares e fortes, o que facilita o deslocamento do magma.
Para o time de pesquisadores, o trabalho ajuda a explicar o aumento da atividade sísmica e vulcânica na região. Para o professor Derek Keir, também da Universidade de Southampton, os resultados indicam que os fluxos do manto profundo influenciam diretamente onde e como os vulcões surgem, principalmente em áreas onde a crosta terrestre é mais fina.
A pesquisa envolveu cientistas de dez instituições, incluindo universidades na Etiópia, Itália, Alemanha e Irlanda. Segundo os autores, o próximo passo é investigar a velocidade e o volume desses fluxos profundos e como eles afetam a crosta terrestre a longo prazo.
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