Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Notícias R7 – Brasil, mundo, saúde, política, empregos e mais

Brasileiros depositaram mais de R$ 19 bilhões em contas secretas na Suíça

No total, foram mais de 8,7 mil contas ligadas a 6,6 mil brasileiros

Brasil|Do R7

Delatores do caso da Petrobras indicaram que abriram 19 contas em nove bancos suíços para receber a propina
Delatores do caso da Petrobras indicaram que abriram 19 contas em nove bancos suíços para receber a propina

O banco HSBC abriu mais de 8,7 mil contas secretas para brasileiros na Suíça, onde foram depositados R$ 19,4 bilhões (US$ 7 bilhões). Os dados fazem parte de documentos bancários que revelam como a instituição teve um papel ativo em facilitar a abertura de contas, sem perguntar a origem do dinheiro e que, em muitos casos, ajudou a evadir impostos. No mundo, o banco auxiliou mais de 100 mil clientes a levar para a Suíça suas fortunas, nem sempre declaradas em seus países.

A lista desses clientes é um exemplo de como o sistema bancário do país lucrou ao manter contas de criminosos, traficantes, ditadores e milionários que optaram por não pagar impostos. Na semana passada, delatores do caso da Petrobras indicaram que abriram 19 contas em nove bancos suíços para receber a propina.

Banco HSBC realizou negócios com traficantes e ditadores, segundo reportagem

No caso do HSBC, o Brasil aparece com destaque na lista, sendo o quarto país com maior número de clientes no ranking das nacionalidades que mais usaram o banco e as contas secretas. No total, foram mais de 8,7 mil contas ligadas a 6,6 mil brasileiros. Entre as personalidades brasileiras estava Edmond Safra. No mundo, a lista conta com nomes como Fernando Alonso, Emilio Botin, David Bowie e Tina Turner.


A lista inclui desde traficantes de drogas, de armas, ditadores até nomes famosos do mundo da música e do esporte, num total de R$ 278 bilhões (US$ 100 bilhões). Os documentos são apenas uma parte do que seria o sistema bancário suíço, duramente criticado por autoridades de todo o mundo por permitir a existência de contas secretas e ser uma espécie de "buraco negro" no sistema financeiro internacional.

Os documentos foram colhidos pelo Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo, rede formada por 45 veículos de comunicação do mundo inteiro, e revelam a frequência com a qual personalidades iam a Genebra para consultar suas contas e administrar suas fortunas. O relatório foi divulgado ontem no site do consórcio e publicado por alguns jornais europeus.


No caso do Brasil, as contas registradas existem desde os anos 70 e o período avaliado vai até 2006. Na maior das contas, os documentos apontam para mais de R$ 834 milhões (US$ 300 milhões) em apenas um nome.

Pelos documentos, porém, o que se revela é que o crime organizado sul-americano usou as contas do HSBC para lavar dinheiro da droga e não se exclui que parte das contas tinha relações com organizações criminosas. Os papéis foram obtidos a partir de uma lista roubada dos escritórios do banco em Genebra por um ex-funcionário, Hervé Falciani, em 2008, e entregue às autoridades francesas.


Atingindo todas as partes do mundo, a lista das contas traz nomes como o de Gennady Timchenko, um bilionário russo associado ao presidente Vladimir Putin e que hoje é alvo de sanções da UE pela guerra na Ucrânia. A lista também aponta contas em nome de assistentes do ex-presidente do Haiti, Jean Claude "Baby Doc" Duvalier, e de Rami Makhlouf, um primo e aliado do presidente da Síria, Bashar al Assad.

Em resposta ao consórcio, o HSBC reconhece que os controles sobre a origem do dinheiro no passado nem sempre foram corretos. Mas garante que, desde 2007, o banco "tomou passos significativos para implementar reformas e expulsar clientes que não atendiam aos padrões HSBC". Segundo o banco, como resultado disso, a instituição na Suíça perdeu quase 70% de seus clientes desde 2007.

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.